domingo, 2 de setembro de 2012

A FRAQUEZA DAS VIRTUDES



“A importância de um país não depende do
seu desenvolvimento econômico, da beleza de seus
edifícios públicos, do tamanho do seu território ou
demonstração de força bélica; consiste sim no grande número de cidadãos cultos, educados e possuidores de sólido caráter. Nisso está o seu verdadeiro interesse, a sua principal força e o seu real poder”. (Martinho Lutero)

Ao longo da vida, a maioria das pessoas ocupa um lugar tão limitado, que poucas têm oportunidade de se mostrarem grandes. Mas cada uma delas pode trabalhar honrada e corretamente conforme a sua capacidade, usar os dotes que possui e não abusar deles. O homem pode ser verdadeiro, justo, honrado e fiel, estabelecer critérios, mesmo nas pequenas coisas, e esforçar-se pelo melhor. Finalmente pode cumprir o seu dever na esfera de suas atribuições.
Por muito simples que isto pareça, deve sempre ter em mente: o cumprimento do dever como o seu ideal e um bom caráter como o mais alto valor da vida. Nisso pode não haver nada de heróico, porque o heroísmo não é a sorte comum das pessoas, mas se o sentimento firme do Dever eleva o ser humano às mais altas situações, também o sustentará na prática dos negócios da vida diária.
Essas virtudes superiores, que estão fora do alcance do vulgo, são muitas vezes fonte de tentações e perigos. É como dizia Burke: “o sistema humano que se assenta sobre a base de virtudes heróicas é, com certeza, um monumento de fraqueza ou de corrupção”.
É o que vemos, atualmente, não apenas em nosso país, mas em todos os recantos da terra, porque os líderes que deveriam servir de exemplo aos seus liderados optaram por buscar as virtudes heróicas e fraquejaram – alguns até chegando às raias do crime e outros seguiram além. Mas o erro está na escolha desses líderes que são impostos por grupos radicais, para que sejam eleitos pelo voto popular escondendo suas tendências abusivas demonstradas anteriormente – e que as autoridades  responsáveis aceitam, demonstrando a sua passividade, tolerância e permissividade.
O estudo da história nos permite analisar tais comportamentos, que trazem sempre conseqüências funestas ao país que não optou por se recuperar em pouco tempo para retornar a dignidade de seus órgãos dirigentes.
Esses erros vêm desde os tempos de Platão, que os combateu com veemência, e  também dos políticos de supostas virtudes heróicas, que se deixam levar por tentações passageiras e depois as fazem desmoronar por falta de dignidade moral. Platão não conseguiu convencer, pela palavra, a maioria dos políticos de seu tempo, mas o seu exemplo marcante ficou na história. A integridade do seu caráter  permaneceu intacta e que mais tarde se tornaria um escudo simbólico dentro da política democrática – preferiu morrer a aderir àquelas atitudes mesquinhas que desmascarou.
É verdade que muitos impérios se seguiram, mas também muitos gestos de nobreza foram exaltados e muitos homens de caráter sacrificaram suas vidas, valorizando a dignidade de sua honradez contra viciosas atitudes de governantes inescrupulosos.
Já está na hora de se tomar uma atitude digna e dizer: Chega de corrupção!... Chega de permissividades!...Chega de desmandos e chega de mesquinhez!... Antes que se apresente um novo César romano, um novo Hitler prussiano ou outro ‘ano’ qualquer e decida criar novo caos no mundo.
Temos que fazer o mundo retornar a um estado de direito, corrigir os desvios de conduta, acabar com a desonestidade e a malandragem; punir os contraventores, mostrando-lhes que não vale a pena ser mau; ensinar a verdadeira honestidade estimulando o civismo e o patriotismo – que é a devoção ao seu solo e às suas tradições.
Temos que nos esforçar para corrigir esse panorama que se apresenta como prenuncio de uma nova guerra mundial, mas, para tanto, precisamos fazer recuperar os conceitos virtuosos em todos os lugares, principalmente aos governantes que, ainda que não queiram, são imitados pelo seu povo, tanto quanto os filhos imitam seus pais.
Nós maçons devemos continuar o nosso culto às virtudes, não às heróicas, mas sim àquelas constantes nas instruções de nossos rituais e na busca da verdade, apontando as fraquezas do vício e não permitindo a continuidade deles.
Não é fácil, mas seguindo os conceitos e os ideais maçônicos, estaremos fortalecendo as nossas virtudes e prontos para combater os vícios.

A fragilidade das virtudes está na falta do amor fraterno, no esquecimento da existência de um Ser Supremo e na permissividade da convivência com as variadas manifestações dos vícios.

Floriano Filho
Maçom e Militar
publicado na Revista Acácia nº 89  (RS)

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