Diz-se que no costume Oriental, quando enviavam um emissário de um lugar para outro, se requeria que um representante local viesse recebê-lo a certa distância (primeira milha)
A segunda milha é a superação de alvos. Não basta alcançar determinado objetivo, é preciso ir além daquilo que é obrigação.
“Se alguém de obrigar a andar uma milha, vai com ele duas”.
A milha romana media 1.000 passos, cerca de 1.478 metros. A proposição aqui está baseada num costume de nações orientais, que quando enviavam um emissário de um lugar para outro, se requeria que um representante local viesse recebê-lo a certa distância. Aparentemente, um gesto de cortesia, próprio de um anfitrião. O fato é que não dignificava mera companhia. A cortesia incluía o carregamento das bagagens, o que podia tornar a tarefa extremamente árdua.
A primeira milha era o costume e a obrigação. Era algo de antemão estabelecido e inescapável. Mesmo contrariado, aquele que fosse escalado para a missão não poderia fugir de cumpri-la. O verbo obrigar, usado no texto, não deixa dúvidas quanto a compulsoriedade da tarefa.
Tendo isto em mente, perguntamos: a segunda milha proposta, seria alternativa? Devemos cumprir nossas obrigações, ou seja, a primeira milha, mas a segunda milha, ficaria ao alvitre de cada um? Ou a segunda milha, também, é um dever?
Evidentemente, não estamos presos entre 1.478 metros ou 2.956 metros. A questão que se impõe, não é de metros ou milhas, mais ou menos. O que está posto é a expectativa de alguém a nosso respeito. Assim, ficamos entre dois modelos: ou somos aqueles que cumprem as suas obrigações, como qualquer dos mortais pode e deve fazê-lo, ou somos aqueles que cumprem o que foi ordenado, o que geralmente vai além do comum.
A segunda milha é a superação de alvos. Não basta alcançar determinado objetivo, é preciso ir além. O contexto do proposto é altamente revelador deste conceito. O alvo de uma pessoa comum é retribuir o que recebeu, na mesma medida (olho por olho, dente por dente). Aqui devemos ir além, devemos estar prontos a deixar a túnica e a capa, também.
A segunda milha causa surpresa. Ela surge como algo inesperado. E este é o seu (nosso) algo mais. A relação de causa e efeito fica superada. O que se imagina de alguém que seja agredido é o revide imediato. Não para o verdadeiro Maçom, que absorve a agressão, a ponto de oferecer a outra face. Não devemos entender como um estímulo à passividade, muito menos, à violência. Ao contrário, a violência contida no revide, vai gerar mais violência ainda. O mal deve ser vencido com o bem.
A segunda milha aponta para as reais necessidades. A milha do dever comum pode trazer o desencargo de consciência, o chamado sentimento do dever cumprido. O que não significa que o que precisa ser feito foi realmente cumprido. Assim é a tensão existente entre o meramente legal e o legitimamente ético. Determinado procedimento pode estar devidamente enquadrado na lei, mas ser profundamente impróprio moralmente falando. No entanto, o que for corretamente ético, certamente estará respaldado em alguma lei, mesmo que seja a lei Maior.
A segunda milha é reveladora do verdadeiro amor. Justamente, porque exige sacrifício. Amor de palavras, amor que se interessa apenas pelo que pode receber, não se configura como verdadeiro e pleno amor. Amor exige doação e sacrifício, como foi feito na cruz em nosso favor. Há um preço a ser pago, o de estarmos pronto a caminhar a segunda milha. Que estejamos pronto a realizar esta doação e não somente conjugar com palavras o verbo “amor”, mas colocá-lo em ação no nosso dia a dia.
Fonte: www.comunidademaconica.com.br
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