domingo, 15 de julho de 2012

HERVÊ CORDOVIL


A Maçonaria, contou com vários cantores e compositores famosos como irmãos maçons, dentre eles: O Rei do Baião (Luiz Gonzaga), Pixinguinha, a dupla Alvarenga e Ranchinho (Homero de Souza Campos), Tonico da dupla Tonico e Tinoco, o recentemente falecido Bob Nelson, Jorge Veiga, Lamartine Babo, Luis Vieira, Carequinha, Vicente Celestino, os Maestros Carlos Gomes, Guerra Peixe e Eleazar de Carvalho e o violonista Raphael Rabello, dentre outros.
Zé Rodrix, outro Maçon famoso, talvez tenha sido o mais dedicado e estudioso sobre o tema, chegou a escrever pelo menos três livros sobre assuntos da maçonaria.
Mas hoje vamos falar de outro maçom famoso, que apesar de não ter nascido no nordeste, tem uma ligação muito grande com a música regional nordestina.
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Viçosa, 3 de fevereiro de 1914 — São Paulo, 16 de julho de 1979, foi um compositor, pianista e maestro brasileiro.
Cordovil era o nome de seu pai, o médico Cordovil Pinto Coelho, que resolveu transformar seu prenome em sobrenome ao batizar o filho Hervê, nascido em 3 de fevereiro de 1914, na mineira cidade de Viçosa. Da mãe, Maria de Lucca Pinto Coelho, musicista amadora, herdou o talento musical que faria dele um dos maiores nomes da história da música popular brasileira.
Filho de classe média alta – seu pai era médico de Artur Bernardes, futuro presidente da República -, Hervê saiu cedo de Viçosa, passou por Manhuaçu e por volta dos 10 anos de idade foi estudar no Rio de Janeiro. No Colégio Militar concluindo o curso em 1931, já estava envolvido com música.
Integrou a banda de música do colégio e formando um grupo de jazz com colegas, enquanto se aperfeiçoava no estudo de piano. E se apresentava em casas de oficiais e em bailes promovidos pelo próprio colégio.
Passou a ter aulas com Romeu Malta, maestro da banda do colégio. Descobre então que sabe compor e cria uma serie de músicas, que submete ao compositor Eduardo Souto, diretor da primeira gravadora brasileira, a famosa Casa Edison, do Rio de Janeiro. Souto se engana redondamente e desaconselha o adolescente a continuar, o que não o desanima.
Aos 17 anos, ingressou na Faculdade de Direito de Niterói, diplomando-se em 1936.

Já acadêmico de Direito, em 1931 estréia como pianista, na Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, como pianista e compositor da Orquestra de Romeu Silva e em breve é um dos quatro tecladistas mais solicitados da capital federal pelas rádios cariocas, ao lado de Carolina Cardoso de Menezes, Romualdo Peixoto (o Nonô) e Custódio Mesquita. Em 1933, transferiu-se para a Rádio Philips.
Começa a se tornar conhecido como compositor – foi compositor de jingles, e em 1934 compôs em parceria com Lamartine Babo a marcha “Madame do barril” – sátira à figura francesa “Madame Du Barry”, uma de suas primeiras composições no gênero.
Nesse mesmo ano fez sucesso com a marcha “Carolina” (com Bonfiglio de Oliveira) gravada por Carlos Galhardo na época cantor em início de carreira, são seus primeiros sucessos.
Em 1935, regeu a orquestra que participou do filme “Estudantes”, dirigido por Wallace Downey, passando desde então a musicar peças de teatro entre as quais “Da favela ao Catete” escrita por Freire Júnior. Neste mesmo ano destacou-se com a composição “Triste cuíca” parceria com Noel Rosa.

Já advogado e com nome firmado como compositor também de trilhas para cinema e no teatro de revista, muda-se para Belo Horizonte, onde, trabalhando na Rádio Guarani, onde atuou por dois anos, cumprindo o compromisso de apresentar uma música inédita por dia.
Em 1936, compôs para o filme “Alô, alô carnaval”, de Ademar Gonzaga, a marcha “Não resta a menor dúvida”, parceria com Noel Rosa.
Por essa época compôs “Pé de manacá”, parceria com sua prima Marisa Pinto Coelho, música que fez sucesso internacional alguns anos mais tarde (1950), registrada por Isaura Garcia. De volta ao Rio de Janeiro, compôs em 1938 o jingle “Esquina da sorte”, em parceria com Lamartine Babo, feito para uma casa lotérica e gravado pelo próprio Lamartine em dueto com Aracy de Almeida.
Em 1940, transferiu-se para a Rádio Tupi de São Paulo.
Em 1941 casou-se em São Paulo com Daicy Portugal, que seria mãe de seus quatro filhos, todos cantores e compositores, Ronnie Cord, Hervê Jr., Norman e Maria Regina. A lua-de-mel foi em Manhuaçu, e aí ficou advogando por quatro anos.
Em 1945 é contratado pela Rádio Record de São Paulo, onde permanece 26 anos, até se aposentar em 1971. Pianista excelente, arranjador notável, compositor versátil criando em todos os gêneros, destacou-se como o mineiro que sabia fazer baião.
Em 1946 tornando-se o compositor favorito de Carmélia Alves, a Rainha do Baião, obteve grande sucesso com a composição “Sabiá lá na gaiola” (com Mário Vieira), lançada por Carmélia Alves.
Em 1951, destacou-se com o baião “Cabeça inchada”, também gravao por Carmélia Alves. “Neste mesmo ano, teve composições gravadas por Dalva de Oliveira – “Esta noite serenou”, Ivon Curi – “Me leva” (com Rochinha)”.
Também compôs músicas no estilo “jovem guarda” entre as quais “Rua Augusta”, “Boliche legal” e a versão da música “Biquíne de bolinha amarelinha”.
O que não o impediu de fazer de seu filho Ronnie Cord o primeiro Rei da Juventude, ao criar para ele o rock que dominou o Brasil em 1964. Nem de compor o ultra-romântico Uma Loira, sucesso de Dick Farney em 1951.
De sua produção, algumas composições foram feitas em parceria com seus filhos Ronnie Cord e Hervé Cordovil. Em 1966, compôs “Canto ao Brasil”, peça sinfônica orquestrada por Gabriel Migliori e executada pela Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo.
Em 1977, participou do show comemorativo “30 Anos de Baião”, realizado no Teatro Municipal de São Paulo, ocasião na qual também se apresentaram Luiz Gonzaga, Carmélia Alves e Humberto Teixeira.
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Em 1997, foi publicado o livro “Hervé Cordovil – um gênio da música popular brasileira” de autoria de Maria do Carmo Tafuri Paniago.
Não é a primeira polêmica envolvendo Hervê Cordovil.
Nos anos 1950 ele, convertido ao espiritismo, apresentou composições que teria feito em parceria com o já falecido Noel Rosa. Alguns tacharam Hervé de charlatão e oportunista; outros o defenderam como pessoa honesta e caridosa, que inclusive comandou várias obras de caridade em centros espíritas da cidade de São Paulo.
Vale lembrar que Hervé, 1914/1979, era da velha guarda da MPB, tem belas parcerias com Noel, acima de qualquer suspeita, compostas antes de este falecer em 1937 e compôs “Rua Augusta”, “Boliche Legal” e outros rocks ao completar 50 anos.
Realmente, um grande exemplo a seguir.
Texto extraído do site da Loja Obreiros de Irajá, Or.'. do Rio de Janeiro e adaptado pelo Ir.'. Edison Teixeira.

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