sábado, 20 de outubro de 2012

POR QUE A MAÇONARIA REGULAR NÃO INICIA MULHERES


A Maçonaria não admite, por tradição, as mulheres em suas Lojas como membros ativos. Mas, em muitas Lojas, têm a seu cargo os trabalhos assistenciais da Oficina, e espalham a seu redor o carinho, o amor ao próximo e todas as virtudes peregrinas que formam os dotes da sensibilidade feminina.
A base da Instituição maçônica é a fraternidade. Por isso reúne os homens em suas Lojas, nas quais reinam a moral, a tolerância e a solidariedade.
Porém, a Maçonaria também dedica à família o melhor de suas atenções. E embora a mulher não participe diretamente dos trabalhos maçônicos, não se pode dizer que não lhes presta a sua colaboração, pois, enquanto os maridos se dedicam aos trabalhos da Loja, as esposas se constituem em guardiãs do lar e dos filhos.
Os Maçons tributam, portanto, à mulher não somente o respeito que ela merece como mãe, esposa, irmã e filha, mas também pela admiração a que tem direito por ser o ornamento da humanidade, na qual tem exercido um grande papel civilizador e propulsor do progresso dos povos.
A Maçonaria masculina, mesmo não iniciando mulheres, demonstra um grande respeito à energia feminina. Antes de 1893 a filiação maçônica só era facultada aos adultos do sexo masculino. Naquele ano uma Loja da França procedeu à admissão de uma mulher em seus quadros, episódio que deu origem a Lojas Maçônicas mistas, que se reuniram e formaram a ordem mista internacional “O Direito Humano”.
Posteriormente outras Lojas mistas foram surgindo e hoje existe até mesmo Potência Maçônica feminina, como por exemplo, nos Estados Unidos, a RainBow.
O fato vai aqui anotado como constante de que a mulher passou a ter oportunidade de filiação em Lojas Maçônicas mistas ou exclusivamente femininas, o que desobriga as lojas originalmente masculinas, originárias das corporações medievais, de recebê-las em seus quadros, sem que isso signifique discriminação de sexo, e sim um apego ao Antigo da Maçonaria…
Porque a Maçonaria masculina não inicia mulheres?
Há, basicamente, dois fundamentos para a Maçonaria não aceitar mulheres como membros:
1º – a origem Operativa da Ordem;
2º – por ser, a Maçonaria, um rito solar (masculino).

Origem Operativa:
A origem da Maçonaria moderna está nas Corporações de Ofício – espécies de sindicatos, na Idade Média. Especificamente, a corporação de pedreiros.

A palavra “Maçonaria” em francês, “Maçonnerie”, é derivada do francês “maçon”,pedreiro. Ou, como preferem alguns, do inglês “Masonry” (Maçonaria) e “mason”,igualmente, pedreiro.
Pode-se inferir que, seus primeiros integrantes operavam, materialmente, em construções, obras – eram trabalhadores especializados, construtores de Templos, de Igrejas, pontes, moradias etc., os quais, desde a Antigüidade, detinham conhecimentos especiais e constituíam uma espécie de aristocracia do trabalho. Eram os profissionais mais qualificados da Europa, e mantinham as técnicas de seu ofício, em segredo.
Esta fase da Maçonaria é conhecida como “Operativa”, porque seus membros trabalhavam em construções – eram obreiros.

Na Idade Média havia dois tipos de pedreiros: o “rough mason”, pedreiro bruto que trabalhava com a pedra sem extrair-lhe forma ou polimento, e o “free mason”, pedreiro livre, que detinha o segredo de como polir a pedra bruta.
A Ordem Maçônica, atualmente Maçonaria Especulativa, não inicia mulheres, pois tendo evoluído da Maçonaria Operativa, adotou a antiga regulamentação que previa o seguinte (por entender que, a mulher não é afeita ao trabalho árduo de pedreiro, ofício original dos primeiros integrantes.
As corporações de pedreiros eram constituídas, exclusivamente, por pessoas do sexo masculino: “As pessoas admitidas como membros de uma Loja devem ser homens bons e de princípios virtuosos, nascidos livres, de idade madura, sem vínculos que o privem de pensar livremente, sendo vedada a admissão de mulheres assim como homens de comportamento duvidoso ou imoral”.
Apesar da Constituição de Anderson (1723), que é o marco inicial da Maçonaria Especulativa, não permitir a admissão de mulheres, há algumas correntes maçônicas que admitem o fato como sendo um princípio antigo.
No Egito e na Índia, pelas pinturas nas tumbas e pelos manuscritos do Antigo Egito, a esposa está presente quando o marido, como sacerdote, executa cerimônias.
Nas tradições das sociedades iniciáticas antigas, tanto homens como mulheres de qualquer posição social e cultural, podiam ser iniciados, e a única exigência era a de que deveriam ser puros e de conduta nobre.
Porém, na Idade Média, (final do século XVI) havia restrições quanto ao ingresso da mulher na Maçonaria.
A Maçonaria, em 1730, na França criou o movimento da “Maçonaria de Adoção”.
Maçonaria de Adoção foi um fenômeno da última metade do século XVII.

Uma Loja de Adoção era conduzida por uma Loja Maçônica regular que promovia sessões especiais, no curso das quais as mulheres eram admitidas em Loja e participavam de rituais quase maçônicos. Tais Lojas foram particularmente bem sucedidas na França, onde houve uma revitalização da Maçonaria de Adoção depois da Revolução e que continuou pelo século seguinte.
A própria imperatriz Josefina, esposa de Napoleão Bonaparte, era a Grã-Mestra da Loja de Adoção Santa Carolina.
Atualmente, há Maçonarias mistas e também femininas. Porém, a Maçonaria masculina, atualmente, conserva a regulamentação – conforme reza a Constituição de Anderson, de não iniciar mulheres.
Ritos Masculinos e Ritos Femininos:
O grupo de primatas, do qual descendemos, provém de um tronco insetívoro. Esse grupo subdividiu-se: alguns se tornaram herbívoros e, outros, carnívoros.
Esses carnívoros tiveram que se lançar na competição com outros animais terrestres e, tornaram-se melhores caçadores. Começaram a utilizar instrumentos e aperfeiçoaram as técnicas de caça, com a cooperação social. Diferentemente dos lobos, os hominídeos não se dispersavam após o ataque – e, o grupo caçador era formado por machos.
As fêmeas estavam muito ocupadas em cuidar da prole, e não podiam participar ativamente na perseguição e captura das presas. Assim, o papel de cada sexo tornou-se diferenciado.
Socialmente, os machos aumentaram a necessidade de comunicação e cooperação com os companheiros, e desenvolveram expressões faciais e vocais – em seus grupos caçadores, exclusivamente formados por machos.

Com o advento da agricultura e da domesticação de vários animais, como cabras e ovelhas, os machos tiveram suas funções caçadoras, diminuídas.
Essa falta, muito provavelmente, foi compensada pelo trabalho e por associações masculinas – proporcionando oportunidade para a interação entre machos e para atividades em grupo. Nessas associações, há um forte sentimento emocional de união masculina.
O mesmo não ocorre com as mulheres. Esses grupos, associações, se preocupam com a união entre machos, que já existia nos primitivos grupos de caçadores cooperativos – essas entidades exercem um importante papel na vida de machos adultos, revelando a manutenção de instintos básicos ancestrais.
Muitas mulheres ressentem-se quando seus maridos saem para compartilhar sua masculinidade essencial – ou desejam fazer parte dessas associações, o que é um equívoco, porque trata-se apenas da necessidade moderna da tendência ancestral da espécie para formar grupos de machos caçadores.
É interessante observar, que grande parte desses encontros masculinos, termina com um jantar, um lanche, um banquete, cervejinha, etc. – o sucedâneo da partilha da comida (caça).
Assim, mulheres e homens, geneticamente, possuem necessidades diferentes. E, criaram-se mistérios masculinos e femininos.

Para a mulher a maternidade, a comunhão com a flora, etc. Para o homem, a caça, a guerra, a comunhão com a fauna. A mulher, a Lua; o homem, o Sol.
Porém, para recriar os ciclos da Natureza, o princípio feminino e o masculino juntam-se: diferentes, porém complementares.
A Maçonaria reverencia o feminino – seus Templos apresentam o Sol e a Lua como símbolos: o positivo e o negativo.
O Sol e a Lua são símbolos herméticos e alquímicos (ouro e prata). O Sol é a vida, o masculino – A Lua, sua complementaridade, o feminino.

Maçonaria é uma Ordem Solar (masculina), porém, os maçons, trabalham à noite, em suas Lojas, sob a energia feminina, equilibrando os dois pólos.
O Sol deve estar presente na decoração do Templo, no teto, mostrando a Luz que vem do Oriente, com a Lua, que representa a Mãe Universal que fertiliza todas as coisas.
A mulher é a formadora, a que reúne, rega e ceifa – a Natureza do princípio passivo é reunir e fecundar. As forças da Lua são magnéticas, opostas e complementares às do Sol, que são elétricas.

A Ordem, por ter uma origem muito, muito antiga, respeita a diversidade entre as energias masculinas e femininas. Os maçons usam três pontos dispostos em triângulo (.’.), como símbolo – símbolo solar, símbolo masculino.
Os Três Pontos têm uma origem bem antiga – nos objetos celtas do século IX a. C e, muito antes, nas cerâmicas egípcias e gregas. A tradição grega considerava o triângulo a imagem do céu.
Os Três Pontos traduzem a concepção piramidal egípcia. Símbolo sexual masculino completo (pênis mais testículos). O sexo em função procriativa. Procriação, que necessita do masculino e feminino.
Giz G. Huard que no seu famoso discurso, datado de 21 de março de 1737, Ramsay justificou a exclusão das mulheres da Maçonaria, alegando que a sua presença poderia alterar a pureza dos costumes.
Sabemos, no entanto, que os motivos são muito diferentes e remontam aos alvores das sociedades humanas.
No que se refere propriamente à instituição maçônica, convém ter na devida conta que, ao ser fundada a Maçonaria Moderna, as suas reuniões se realizavam em tavernas, as quais, por mais seletas que fossem não eram locais muito apropriados para as senhoras.

Além da tradição da arte dos pedreiros que excluía as mulheres da profissão, os clubes, então em grande voga, só admitiam homens que se reuniam entre si para tratar dos seus negócios. Os ingleses sempre gostaram dos clubs only for man (clubes somente para homens) e a maçonaria nasceu na Inglaterra.
Esta regra, contudo, não foi expressa em palavras precisas em nenhum dos “Antigos Deveres” (Old Charges), embora todos os regulamentos se refiram apenas a homens e muitos deles, de forma alguma, poderiam ser aplicados a mulheres.

Os regulamentos corporativos proibiam o emprego das mulheres na indústria, com exceção da viúva do mestre da oficina, e mesmo de sua filha.
A exclusão da mulher, na Maçonaria operativa, prendia-se, muitas vezes, ao fato de a mulher operária daquela época, ganhando salário inferior ao homem, tornar-se uma concorrente tão poderosa quanto nefasta, ou pelo menos assim julgava uma sociedade que vivia atrofiada pela falta de mercados e de empregos.
Mas se a corporação deixava a mulher viúva ou filha órfã, do mestre, continuar o negócio-privilégio do marido para poder manter-se e aos filhos, não lhe permitia, contudo, aceitar aprendizes, por lhe faltarem conhecimentos profissionais para instruí-los devidamente.
Sabe-se, porém, por meio das relações do imposto de capitação, da existência de mulheres gesseiras, almofarizeiras, e mais raramente pedreiras. Não obstante, Bernard E. Jones fala de várias viúvas que faziam parte da Companhia de Maçons de Londres.
Somente em 1723, nas Constituições maçônicas é que, pela primeira vez, a palavra“mulher” foi introduzida na lei. Diz-se, e de maneira explicita, que “as pessoas admitidas como membros de uma Loja devem ser homens bons e verdadeiros… e não escravos, nem mulheres etc.”
Eliane Brault em La F.M. et l’Émancip. des Femmes (A Franco-maçonaria e a emancipação da mulher) expõe os motivos dessa medida. Dizendo:
“Decretando desde a sua fundação que não aceitaria senão homens livres e de bons costumes, a Maçonaria afastava os mercenários (o termo proletário não existia ainda naquela época) como privados de liberdade, os assalariados dependendo de um patrão, os judeus que não tinham ainda conquistado os direitos de cidadãos, os comediantes e os artistas, que não eram considerados como de bons costumes, já que o acesso à igreja lhes era proibido; a fortiori era obrigada a afastar as mulheres, visto que as leis e os costumes as mantinham em estado de menoridade e de subordinação”.
Apesar de a Maçonaria Moderna excluir terminantemente as mulheres de qualquer participação ativa na Loja, é conhecido algumas narrativas de casos raros de mulheres que receberam o Primeiro Grau.
As narrativas referem-se a:
1. Sra. Aldworth (Elisabeth Saint-Leger – 1693-1773) 
Conhecida na Inglaterra como a “Dama Maçom” teria sido iniciada, ainda solteira, por volta de 1710. Era filha do 1º Visconde de Doneraile, do condado de Cork, na Irlanda, casando-se, em 1713, com Richard Aldworth. Entretanto, não há evidências documentais de que a Sra. Aldworh tenha sido efetivamente iniciada no Primeiro Grau da Maçonaria.

2. Sra. Beaton
Escondeu-se uma tarde no forro de madeira de uma Loja de Norfolk, na Inglaterra, surpreendendo os segredos maçônicos. Foi então iniciada. Esta mulher, que era chamada “o Maçom”, guardou o segredo até a sua morte em 1802. Não existem evidências documentais que confirmem o fato narrado.

3. Madame de Xaintrailles
Segundo a narrativa, que não cita a data em que se passou, o fato teria se passado na Loja des Frères Artistes , em França, presidida pelo Irmão Cuvelier de Trie, quando era celebrada uma Festa de Adoção.

“Antes da introdução dos membros femininos, os Irmãos abriam a Loja no primeiro grau. Entre os visitantes que esperavam na antecâmara estava um jovem oficial em uniforme de cavalaria. O Irmão encarregado do exame dos visitantes pediu-lhe o diploma ou o certificado (de maçom) para ser examinado pela Loja.
Após uma pequena hesitação (o oficial) entregou um papel dobrado que foi imediatamente encaminhado ao Orador da Loja, o qual, ao abri-lo, descobriu tratar-se de uma patente de ajudante de ordens, outorgada pelo Diretório (1795-1799) à esposa do General Xaintrailles, uma mulher que, com várias outras, naqueles tempos conturbados, tinha revestido o traje masculino, alcançando uma graduação militar pela espada.
Maçonaria Feminina ou de Adoção

O estado de inferioridade física da mulher foi o motivo de menoridade jurídica em que se achou relegada até este século. E também a razão por que não foi admitida, pelo menos oficialmente, na Maçonaria Operativa e, conseqüentemente, na Maçonaria Moderna, salvo uma ou outra exceção, que não fazem mais do que confirmar a regra geral.
As Constituições maçônicas de 1723 tornaram explicita a exclusão da mulher na Ordem maçônica. Esta regra transformada em Landmarque é uma daquelas que são exigidas para a regularidade de uma Obediência maçônica e o subseqüente reconhecimento.
Não obstante, na sua Convenção de 1935, a Grande Loja de França encarregou o seu Conselho Federal de “submeter ao estudo das Lojas, de acordo com as Lojas de adoção, as modalidades permitindo a outorga a essas Lojas da independência ou da autonomia, que lhes permitiria, em condições novas de administração, prosseguir, do ponto de vista feminino, a obra de fraternidade e de tolerância da Maçonaria masculina”.
Isto significa, do ponto de vista daquela Potência francesa, que a tutela masculina não se justificava mais, daí a necessidade de adaptar as Lojas femininas.
Porém a Guerra de 1939-1945 atrasou a realização do projeto. Não obstante, na Convenção de 1945 da Grande Loja de França, diz Alec Mellor, o Grão-Mestre Michel Dumesnil de Gramont voltou ao assunto nos seguintes termos:
“Desejaria chamar a vossa atenção sobre a participação da mulher na obra maçônica e, por conseguinte, sobre as Lojas ditas de adoção. Hoje, a emancipação da mulher é, no domínio político, plenamente realizado. É de se pensar que o será, brevemente, no domínio jurídico.
– Seria realmente um paradoxo ofensivo de ver a Maçonaria, inteiramente voltada para o progresso, permanecer como último refúgio da concepção antiquada, visando manter a mulher num estado humilhante de menoridade.
– Assim, quando as nossas Irmãs manifestaram a intenção muito natural de reconstituir as suas Oficinas, decidimos por um termo a uma fórmula já caduca para chegar enfim ao que devia ser a conseqüência lógica do esforço pretendido desde há quarenta anos e mais nas nossas Lojas de Adoção, quer dizer à criação, em França, como isto existe na Inglaterra, de uma Maçonaria feminina autônoma.

As nossas Irmãs asseguraram-nos, aliás, que se consideravam sempre como permanecendo sob o patrocínio espiritual da Grande Loja de França e que a sua atividade se inspirava constantemente nos princípios da Maçonaria escocesa.
Quanto a nós, não podemos esquecer que, durante longos anos, as Irmãs, que uma evolução natural terá conduzido à independência, contribuíram para a ação e a prosperidade da Grande Loja.

Isto nos cria para com elas deveres que não poderíamos esquecer e que se devem traduzir por um concurso material e moral tão extenso quanto for necessário, para permitir-lhes organizar a primeira Maçonaria feminina autônoma que a França terá conhecido.
Esperamos, meus Irmãos, que haveis de querer consagrar com a vossa aprovação um ato que pode ter, no porvir, as mais importantes e as mais felizes conseqüências…”
E assim, em 17 de setembro de 1945, a Grande Loja de França ab-rogava os textos regendo a Maçonaria de adoção, abolia esta última definitivamente e em 21 de outubro de 1945 uma nova Potencia a União Maçônica Feminina, realizava a sua primeira assembléia geral.
Em 1952, esta Potencia passou a denominar-se Grande Loja Feminina de França e em 1959 adotou o Ritual masculino do Rito Escocês Antigo e Aceito, ligeiramente modificado em alguns pontos e detalhes.
Em 1963, Alex Mellor escrevia ainda:
“A jovem obediência conta atualmente com cerca de vinte Lojas e um pouco mais de 500 membros. A sua orientação difere da do Direito Humano no fato de ela prefere nitidamente as questões de simbolismo, quer dizer as verdadeiras questões maçônicas, às questões de política, mesmo qualificada de ‘sociais’ ”.
“Os Maçons das outras obediências são admitidos como ‘visitantes’, incluídos os do Direito Humano e as Irmãs do Direito Humano também, liberalismo que alguns acham excessivo por duas razões: a primeira é que os Maçons do Direito Humano não são admitidos como visitantes nas Lojas da Grande Loja de França, e que a unidade do Escocesismo teria a ganhar se a Grande Loja Feminina de França não desse a esta última uma espécie de reprovação pelo menos aparente.
A segunda é que o Direito Humano não admite como visitantes as Irmãs da Grande Loja Feminina de França, tendo como motivo que esta última seria ‘irregular’, crítica que, por certo, não falta de audácia e mesmo de comicidade para quem compara as origens do Direito Humano àquela diretamente saída da Grande Loja de França!
A Grande Loja Feminina de França compreende certos elementos de valor e várias mulheres célebres.
Falta-lhe resolver um problema difícil: o dos Altos Graus. Até aqui ela só pratica os graus simbólicos, e somente o Supremo Conselho do Rito Escocês poderia permitir às mulheres ter acesso aos graus superiores. A questão não se apresentou ainda, segundo o nosso conhecimento pelo menos. “Não é querer ser profeta pelo fato de conjeturar que a Grande Loja Feminina de França permanecerá uma obediência simbólica”.
Em 1965, em razão de suas relações cada vez mais íntima com o Grande Oriente de França, a Grande Loja caiu na irregularidade, produzindo-se então uma cisão. O Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito reconheceu a Grande Loja Nacional Francesa como Obediência legitima, para lá se retirando com numerosas Oficinas que o seguiram, depois de proibir à Grande Loja de França que se considerasse, no futuro, escocesa.
O progresso, em nossos dias, estabeleceu, entre homens e mulheres, igualdade de direitos sociais, políticos e jurídicos. Poderá este novo status influir para a reconsideração de uma posição à qual faltam as bases tradicionais que colocavam a mulher sob a dependência e tutela do homem?
Maçonaria Mista ou Comaçonaria
Denominação dada a Potencias formadas por Lojas nas quais são admitidas as mulheres, em pé de igualdade com os homens, não sendo por isso reconhecidas pela Maçonaria regular.
A Maçonaria Mista teve início em 1882, com a iniciação de Marie Deraismes, na Loja “Livres Pensadores”, jurisdicionada à Grande Loja Simbólica Escocesa de França, quenão reconheceu aquela iniciação e a declarou nula e ilegal e demoliu a Loja.
O Dr. Georges Martin, Venerável da Loja “La Jerusalém Ecossaise”, apresentou, em 1890, uma proposta à Grande Loja para a admissão das mulheres na Maçonaria, que não foi tomada em consideração. Em vista disso, o Dr. George Martin e Marie Deraismes fundaram. Em 1893, a Grande Loja Simbólica Escocesa Mista de França “O Direito Humano”, que não foi reconhecida pelas Obediências francesas “masculinas”.
Em 1903, a Grande Loja de França reconheceu a qualidade maçônica das Potencias Mistas, submetendo, porém, os seus membros masculinos à admissão e regularização, após expedição de sindicâncias.
Em 1920, o Grande Oriente de França reconheceu o “Direito Humano”, havendo troca de Garantes de Amizade. Não admitiu, porém, as Irmãs em seus Templos.
A cooperação da mulher nos trabalhos maçônicos tem sido cogitada pelas Lojas de vários países, todavia as opiniões divergem a esse respeito.
O maçom francês e católico Alec Mellor procura justificar o impedimento por razões históricas, psicológicas e morais. Tenta demonstrar que na Maçonaria dita operativa não era possível existirem pedreiras, o que é verdadeiro. Com acerto declara que quando da fundação da Moderna Maçonaria, o Clube maçônico londrino, a exemplo dos tradicionais clubes de homens, não aceitavam a iniciação feminina. Cabe a transcrição do autor citado:

“Na época da Franco-Maçonaria operativa, por definição, não era possível existirem ‘pedreiras’. Quando, no século XVIII, fundaram-se as primeiras lojas especulativas, o seu modelo foi o desta instituição tipicamente britânica, o Clube, essencialmente masculinos.
Por razões psicológicas e morais: a pretensa inaptidão das mulheres para guardarem segredo é um absurdo puro e simples, mas o mesmo não ocorre com a sua dificuldade de admitirem a igualdade social entre elas, nem com a sua sensibilidade mais viva do que a dos homens.
Em um mundo fechado, onde a sensibilidade se torna mais arrebatada, a vivacidade de certas reações femininas decuplicaria, prejudicando o espírito fraternal. Enfatizou-se igualmente a hostilidade muito fácil que as mulheres nutrem umas pelas outras, sobretudo se são de idades diferentes, assim como o perigo que o espírito fraterno correria de eventuais adultérios e também de brigas entre homens tão caras às coquetes “
Mesmo admitindo que a pretensa inaptidão das mulheres para guardarem segredo é um absurdo puro e simples, Melhor tropeça no seu entendimento psicológico quando entende que as mulheres não admitem a igualdade social entre elas e que a vivacidade de certas reações femininas decuplicaria, prejudicando o espírito fraternal ao lado de eventuais adultérios. São argumentos falhos, machistas. Como impedir uma cidadã que elege e é eleita, o ingresso numa sociedade que defende a liberdade e a igualdade?
A única resposta possível se encontra no “espírito” do clube londrino, e, não nas absurdas considerações morais e psicológicas, pois para que exista uma adúltera é óbvio que deve, igualmente, existir um adúltero.
Isolada, a mulher maçona encontra-se no espaço excludente reatualizando-se a cartografia aristotélica dentro da ética da natureza: “os homens são desiguais pela própria natureza humana”. Embora tratando com carinho a mulher, o maçom, dentro de um processo de longa duração, não quer inseri-la no espaço da produtividade, da eficácia.
Excluída dos Templos fica, a “cunhada”, no espaço próprio das reprodutoras dos “sobrinhos”.
A Maçonaria, desde o seu início regular, recebeu nos seus quadros uma quantidade significativa de conservadores marcados pelo positivismo do século XIX onde “pensar a sexualidade” não é possível. Muito própria da época, a idéia conservadora não deve ser entendida como uma crítica à Maçonaria dos oitocentos, mas um perfeito enquadramento da sua doutrina com a realidade política praticada na Europa.
Todavia permanece o vazio frustrante naquilo que deveria ser o desenvolvimento das idéias maçônicas. Com relação a questão da sexualidade, não seria temerário afirmar que a Maçonaria brasileira não tem tradições intelectuais, apesar de muitos dos seus ilustrados membros, no rigoroso sentido metodológico. Não se consegue saber o que pensa a Maçonaria sobre a sexualidade.
Portanto será mais sábio, por enquanto, não falarmos sobre o tema; antes é preciso desembaraçar a Maçonaria das peias do autoritarismo.
A transposição de forma de comportamento social da Europa para o Brasil seria a explicação mais correta às dificuldades opostas à formação de um pensamento maçônico brasileiro na direção de uma discussão mínima sobre a questão da sexualidade, dos excluídos, da mulher, do homossexual, para ficarmos apenas nestes.
Fundamentalmente o universo maçônico brasileiro mantém-se coeso em torno do princípio com relação aos excluídos, apesar de alguns maçons se considerarem “liberais” e a favor do ingresso da mulher na Maçonaria, mas somente esta “excluída” eventualmente “poderia” interpretar, “um dia”, a doutrina e as práticas ritualísticas que sempre estiveram sujeitas à localização social dos maçons e, neste espaço, não se discute sexualidade.
Compreendem-se, assim, os cismas a partir de uma perspectiva de mudança e ruptura com o modelo existente.”

Fonte: www.comunidademaconica.com.br

Um comentário:

  1. Apesar do texto a figura de EVA (da mulher) é exaltada em todo o mundo, inclusive pelo catolicismo.
    Eva, a libertadora, segurando o portador da luz. Nas figuras temos Osiris, aquele a quem está sempre iluminando Eva, a libertadora.

    Os maçons de graus mais elevados sabem da figura de Eva, os textos como este acima servem pra enganar os de graus iniciais e mantê-los sob controle.

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