“Oh,
quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união. É como o óleo
precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Aarão, e
que desce à orla das suas vestes. Como o orvalho de Hermon, que desce
sobre os montes de Sião, porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida
para sempre”.
Infinitas
são as interpretações apresentadas na literatura maçônica sobre o Salmo
133 e não ouso aqui tentar citar alguns exemplos, pois não saberia por
onde começar.
Em
primeiro lugar, há que se registrar que essa não é a leitura
original de Aprendiz no REAA, que adotava “João 1:1-5″ e, geralmente,
apenas em iniciações. Passou-se a adotar o Salmo 133 no Brasil após
1927, e de forma mais predominante entre as décadas de 40 e 50, por
influência da Maçonaria Americana (GLs) e Inglesa (GOB). Por sinal, a
passagem de João tinha mais relação com o Grau de Aprendiz do que
tem o Salmo 133, pois trata de trevas e luz.
Para compreender o real significado do Salmo, deve-se conhecer os elementos que o compõe:
DAVI:
Tem-se o Rei Davi como autor do Salmo 133. O Rei Davi era tido como o
grande cantor dos cânticos de Israel e autor de vários Salmos.
ÓLEO:
o óleo era utilizado na cerimônia de unção dos Reis e Sumos Sacerdotes.
Esses eram ungidos com um óleo especial, o qual era derramado sobre
suas cabeças, e dessa forma, eram considerados “purificados” e
“sagrados” para exercer suas funções.
HERMON:
montanha considerada sagrada pelos judeus e chamada pelos árabes de
“montanha nevada”. Localizada ao norte de Israel, marca a divisão
geográfica entre Israel, Líbano e Síria. Pela sua altitude (mais de
2.800 metros), seu cume está sempre coberto de neve, o que gera um
orvalho que literalmente “rega” toda a região ao seu redor, sendo por
isso a região mais fértil de Israel.
MONTES DE SIÃO:
ao contrário do que alguns possam pensar, Sião não é Hermon. Ambos os
pontos são extremidades de Israel, sendo Hermon a extremidade Norte e
Sião a extremidade Sul. Sião foi o local escolhido pelos judeus para
servir de sede, sendo a região onde se encontra Jerusalém (daí a origem
do termo “sionista”). Após Sião, o que se vê é o deserto.
AARÃO:
irmão mais velho de Moisés e primeiro Sumo Sacerdote de Israel, através
do qual se originou a linhagem de Sumos Sacerdotes. Aarão era o
porta-voz de Moisés (que possuía problemas de dicção, provavelmente gago
ou fanho), e servia de Orador dos judeus junto ao Faraó. Na tradição
judaica, Aarão participou do episódio do bezerro de ouro, porém, na
tradição árabe ele não teve tal participação.
Conhecendo os elementos, pode-se compreender melhor a mensagem:
Os
Irmãos que Davi se refere são, provavelmente, o povo de Israel,
divididos em suas tribos e espalhados entre Hermon e Sião (limites de
Israel), mas todos vivendo em união. Davi relembra então a unção de
Aarão como o primeiro Sumo Sacerdote de Israel, momento que selou o
compromisso entre o povo de Israel e seu Deus. Dali nasceu a nação que
Davi representava e defendia. O óleo precioso que ungiu Aarão foi
derramado em sua cabeça e desceu pela sua barba, espalhando-se para as
extremidades de sua roupa. Tal unção, que abençoava Israel, podia ser
vista também em sua terra: a neve do cume de Hermon transforma-se em
orvalho, que desce o monte e se transforma em um ribeirão, Banias, o
qual desagua no Rio Jordão, esse que liga Hermon até a outra extremidade
de Israel, os Montes de Sião, antes de desaguar no Mar Morto.
Todas
as tribos de Israel estavam espalhadas de Hermon a Sião, sempre
próximos às margens do Rio Jordão. “Jordão” significa exatamente isso,
“que desce”. O Rio Jordão, alimentado pelo orvalho de Hermon, desce até a
extremidade sul de Israel, Sião, distribuindo suas bênçãos, assim como o
óleo precioso que desce da cabeça de Aarão até a orla de suas vestes.
Por
fim, Davi afirma que, Sião (Jerusalém) é “ungido” pelas águas que vem
de Hermon porque foi o lugar escolhido por Deus para que o povo judeu
habite eternamente conforme suas bênçãos.
Com
esse Salmo, Davi disse ao seu povo que eles deviam permanecer unidos e
obedientes às ordens vindas de Sião, pois essa era a vontade de Deus
desde a unção de Aarão, comprovada pela benção da água, que sai do alto
de um monte e percorre 190Km de distância, derramando bênçãos por onde
passa, até chegar a Sião.
É muito claro o motivo das palavras de Davi: ele era apenas o segundo rei de Israel, uma nação recente, ainda desestruturada, com muitas dificuldades, dividida em muitas tribos e sujeita a muitas ameaças. Ele precisava manter um discurso de unidade e esperança. Mas pelo jeito, os ritualistas ingleses, e em seguida os americanos, desconsideraram esse contexto histórico e adotaram o Salmo 133 por conta das palavras “irmãos” e “união”.
É muito claro o motivo das palavras de Davi: ele era apenas o segundo rei de Israel, uma nação recente, ainda desestruturada, com muitas dificuldades, dividida em muitas tribos e sujeita a muitas ameaças. Ele precisava manter um discurso de unidade e esperança. Mas pelo jeito, os ritualistas ingleses, e em seguida os americanos, desconsideraram esse contexto histórico e adotaram o Salmo 133 por conta das palavras “irmãos” e “união”.
Fonte: www.noesquadro.com.br
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