Na Atenas do Século 4º a.C., da E.’.V.’., Platão e seu mais famoso discípulo, Aristóteles, tiveram importância grandiosa na história do Criador do modo como ela seria contada pelas três religiões semitas (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo), embora não se saiba com clareza o que Platão e Aristóteles julgavam acerca do Criador.
O que Platão certamente acreditava é que o verdadeiro filósofo pode chegar a compreender a “Forma do Criador” como maior objeto de estudo.
A “Forma”, ou a “Idéia”, do Criador existe para além de exemplos particulares do que é bom, maravilhoso ou verdadeiro, pois tais exemplos podem perder a validade e, em nossa experiência humana em relação a eles, estão envolvidos em muito do que é ruim, feio ou falso. Alguns exemplos particulares que encontramos não são eternos ou ideais, e assim constituem sombras pálidas do que realmente é bom, real e verdadeiro.
A verdade não afetada pelo tempo, a estabilidade permanente e imutável que se esconde atrás de todas as coisas e permite que elas existam, foi demonstrada por Platão especialmente na matemática. Uma maçã ou outra podem nascer e morrer, mas a soma de uma com outra sempre resultará em duas maçãs.
Assim, Platão afirmou que a Forma do Criador existe autonomamente à percepção humana de suas manifestações, sempre envolvidas com o que é corrupto ou confuso.
Já a crença de Aristóteles de que a verdade consiste na compreensão correta da natureza conduz inevitavelmente à fonte da natureza, ou arche, das coisas. Esse é o conhecimento e a compreensão perfeitos do motivo das coisas e da razão de sua existência. Todas as coisas têm sua forma característica, não a Forma do Criador como Platão a compreendia, de modo afastado do mundo, mas a forma que faz de cada objeto o que ele caracteristicamente é: uma ovelha em específico pode surgir e desaparecer, porém existe uma forma característica de ovelha que se compõem parte de sua forma organizada, mas também de seu objetivo no mundo, seja ele qual for. A forma e essência de uma faca está no fato de ela ser feita de modo que tenha lâmina afiada, usada para o corte.
A forma ou essência dos seres humanos reside no fato de que eles têm inteligência (nous) e a usam para se aproximar do Criador.
Para Aristóteles, isso significa que os humanos têm profundo desejo de conhecer e compreender a Verdade. Nessa busca, participam do Criador, uma vez que é a perfeição da compreensão, chamada em grego de nous (intelecto, inteligência).
Aspirar ao Criador é aspirar à compreensão.
Ainda segundo Aristóteles, todas as coisas são voltadas, num constante processo de mudança, à obtenção do objetivo que pertence a sua própria natureza. O objetivo dos humanos é elevar-se por meio do conhecimento da natureza até a fonte e origem de toda a natureza – ao puro “ato e ser” que permite que todos os demais atos e seres existam. Todas as outras entidades têm algo insuficiente sobre si, em especial no sentido de que são contingentes: elas existem, mas não causaram sua existência.
Aristóteles acreditava que a alma humana supera as contingências, inclusive a insuficiência da morte, porque integra a inteligência e verdade completa que é o Criador (nous). Essa integração conduz à contemplação da verdade completa, o estado de que o Criador está presente, pois nous, a inteligência total, sempre contempla o que é a verdade total.
A verdade inteligível ou nous é a fonte permanente de tudo o que existe. Os mundos podem surgir e desaparecer, mas a verdade permanece. Desse modo, o Criador era visto por Aristóteles como um mobilizador que não se move, do qual todas as coisas derivam e para o qual os humanos, se forem sábios, tentarão retornar, recorrendo ao uso da inteligência no mundo de contingências da origem de todo ser. A razão, ou logos, é assim a característica suprema a que os Estóicos (adeptos da escola filosófica de Zenão) depois se refeririam como a semente deixada pelo Criador entre nós (spermatikos logos) – se alimentarmos a semente, ela nos levará ao objetivo.
Aristóteles, assim como seu Mestre Platão, não desenvolveram sua compreensão do Criador nos registros que deixaram.
Muitos estudiosos, hoje e no passado, interpretam tais escritos de um modo que faz do Criador uma espécie de atalho para o que de fato é real e verdadeiro.
Nos Séculos seguintes, numa espécie de fusão dos pensamentos de Aristóteles e Platão, enfatizou-se a busca da verdade, a fuga do mal e da ignorância, aceitando que aquilo que é basicamente verdadeiro – a fonte de todos os seres e objetivo da busca humana – não pode ser comprometido com a fragilidade e contingência deste mundo.
Dessa feita, não apenas em tempos remotos, mas igualmente no presente, deve-se buscar pela essência, propriedades e efeitos das causas naturais, investigando as Leis da Natureza e relacionando bases da Moral e da Ética pura. Eis aqui parte da Filosofia Maçônica, que trata dessa realidade e verdade em seus atos e cerimônias.
Progressistas, tal qual os respeitáveis filósofos da antiguidade, partindo do princípio da imortalidade e da crença em um princípio Criador regular e infinito, não deve o M.’. se aferrar a dogmas, prevenções ou superstições. E não se deve por nenhum obstáculo ao esforço dos seres humanos na busca da verdade, nem reconhecer outro limite nessa busca senão a da razão com base na ciência.
Sabemos que o objetivo de nossa Ord.’. é a investigação da Verdade, o exame da Moral e a prática das Virtudes, trabalhando para o melhoramento intelectual, moral e social da humanidade. Portanto, meus IIr.’., sempre exercitemos e alimentemos a Razão, recorrendo à Inteligência, primando pela Verdade real e completa das coisas e pessoas, com nossos corações nos limites da Retidão e da prática das Virtudes, com o fito de nos aproximarmos um pouco mais da Natureza e do Gr.’. Arq.’., fonte permanente de tudo o que existe, a Suprema VERDADE.
Pelo Ir.’.Paulo Roberto Gomes Ignácio
Fonte: www.revistauniversomaconico.com.br
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