Ao conjunto de manifestações humanas fundamentadas em
ideais estéticos comungados por uma segmentação social atribui-se o conceito
básico de Cultura. Padrões diversos que possam ensejar princípios aparentemente
rudimentares, outros mais complexos, e expressões artísticas, literárias,
musicais, políticas ou comportamentais, igualmente traduzem parte desse
arcabouço a que denominamos Cultura.

Ao se fazer
uma paráfrase à Maçonaria pode-se afirmar que o conjunto de postulados,
conceitos, princípios, códigos éticos e morais, marcos regulatórios da Ordem
(Landmarks), ritos, aspectos religiosos, esotéricos, exotéricos, sociais,
históricos e filantrópicos, além é claro que os Sinais, Marchas, Batidas de
Graus, Simbolismos e naturalmente a busca contínua pelo "Aprimoramento
Humano" constituem-se no que se pode chamar de "Cultura
Maçônica".
A todo esse
cabedal de circunstâncias conferem-lhe sua natureza Universal e nela reside a
amplitude cultural de nossa Sublime Ordem expressa através de um vasta
literatura, e até mesmo contextualizada por meio de peças teatrais,
manifestações musicais, esculturas e obras arquitetônicas. Aliado a todo esse
processo cultural, ao Maçom compete exercitar essa dinâmica entregando-se sem
medo à pesquisa e à prática de sua essência. Indispensável traçar aqui um
paralelo entre Cultura e Intelectualidade, especialmente do ponto de vista da
Cultura Ocidental, posto que esse foi sempre um dos princípios do modus vivendi
ocidental, separando o trabalho do lazer.
Cultura evoca
o conjunto da Obra e Intelectualidade remete ao exercício supremo da Ordem
conjecturado por meio da concentração e formulação de Idéias e Estratégias. A
cultura maçônica notadamente de grande influência das civilizações ocidentais,
mormente cristãs, absorveu também atividades e métodos orientais, notadamente
no seu âmbito metafísico e esotérico, o que se identifica inclusive nos estudos
dos graus filosóficos e superiores da Arte Real. Influências das culturas
mesopotâmicas (Caldeus, Acádios, Sumérios), dos antigos egípcios e dos Judeus
todos de alguma forma deixaram seu legado como contribuição para o amalgamento
da cultura maçônica.
Outra
característica cultural marcante são os seus Augustos Mistérios e os Segredos
da Ordem que emprestam-lhe um ar permanentemente hermético e instigante e que
somente se revelam a um legítimo Maçom por meio das próprias descobertas que se
traduzem através dos Simbolismos contidos na sua filosofia e no aprofundamento
de seu exercício contínuo em Loja.
A cultura
maçônica visa congregar a interpretação de seus símbolos, a prática de suas
tradições e suas lendas místicas. A relação simbólica com o Universo e todos os
sinais e códigos denotam essa marca cultural sempre objeto de muita curiosidade
dos não iniciados. É inegável que construir e desenvolver uma Consciência
Reflexiva humana no âmbito espiritual, filosófico, filantrópico e progressista,
enseja outro arsenal consistente de que se vale a obra e a cultura maçônica,
especialmente porque a Maçonaria propõe o exercício constante da Reflexão,
visto que esta significa o movimento em volta de si mesmo, é a interrogação a
si mesmo, como busca pelo aprimoramento do homem.
Cabe aqui citação do autor Mansur, 1999, Boller 2011
que escreve:
“...O medo dos poderosos não é tanto pela forma
esotérica das reuniões dos maçons, mas principalmente pelo fato de, pela
educação natural, libertar o pensamento do cidadão, conscientizando-o de seu
papel na sociedade e no Universo. A ordem maçônica não concorda com
posicionamentos radicais ou de concentração de poder, e isto lhe rendeu
poderosos inimigos. A vingança de insidiosos perseguiu maçons; miríades
morreram para manter a ação de educar o homem do povo em direção à liberdade...”.
É portanto
válido afirmar que um dos expoentes da Cultura Maçônica é o seu "caráter
adogmático", posto que a busca pela verdade e pelo crescimento humano são
valores de inestimável perenidade, vez que o Maçom está em constante elevação,
pois a liberdade de pensamento permite-lhe explorar as fronteiras mais
longínquos do Conhecimento.
A Maçonaria
encerra em sua compleição cultural ensinamentos místicos e simbólicos, e
constitui-se num sistema de moral e ética que não deriva da antropologia
religiosa. É o homem conhecendo-se a si mesmo e burilando o Templo que existe
dentro de si, pautado por elementos esotéricos e referências de cunho religioso que lhe conferem seus aspectos plurais de respeito e convivência
entre todos os credos que conduzem ao entendimento do princípio da existência
de um Supremo Arquiteto do Universo.
Fontes inesgotáveis para a compleição cultural
da Ordem são a Alquimia, a Geometria, a Arquitetura e a Astronomia que tantos
valores agregam à Maçonaria e cujos estudos se evidenciam na prática durante o
transcurso das Sessões em todo o mundo. Elementos esses que se perdem no tempo
e no espaço dada a longevidade e consistência de suas influências e fundamentos
que norteiam a instituição. De acordo com o autor maçom Albet Pike - Grande
Comandante da Jurisdição do Sul do Rito Escocês Antigo e Aceito entre 1859 e 1891,
como parte da CULTURA de nossa Ordem, destaque-se que os Símbolos Maçônicos
"ocultam" e não revelam os seus ensinamentos, importando revelar
somente ao iniciado, e dependendo do grau em que se encontrar, o nível de
revelação; não sendo entretanto uma opinião compartilhada por muitos maçons. No
seu livro, Moral e Dogma, este aponta os ensinamentos que devem ser
apresentados e registra que diversos são os símbolos que a maçonaria apresenta
aos maçons, distribuídos pelos diversos Graus que compõem os Ritos, e cabe a
eles interpretarem e apreenderem o significado dos mesmos para construir o seu
caminho.
Assim,
os símbolos e as alegorias fazem com que em tese os Maçons de todo o mundo se
entendam, mesmo que suas línguas sejam diferentes, porém sob a égide de uma CULTURA
sedimentada que valoriza e substancia as relações Fraternas que dão vida e
sustentação a nossa Ordem.
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