segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

C U L T U R A M A Ç Ô N I C A




   Ao conjunto de manifestações humanas fundamentadas em ideais estéticos comungados por uma segmentação social atribui-se o conceito básico de Cultura. Padrões diversos que possam ensejar princípios aparentemente rudimentares, outros mais complexos, e expressões artísticas, literárias, musicais, políticas ou comportamentais, igualmente traduzem parte desse arcabouço a que denominamos Cultura.
   De acordo com o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa constata-se: Do latim cultura, culturae, que significa “ação de tratar”, “cultivar” ou “cultivar a mente e os conhecimentos”. Originalmente, a palavra cultura deriva-se do termo latino: colere, que quer dizer “cultivar as plantas” ou “ato de plantar e desenvolver atividades agrícolas”. Com o passar do tempo, foi se estabelecendo uma analogia entre o cuidado na construção e tratamento do plantio, com o desenvolvimento das capacidades intelectuais e educacionais das pessoas.
   Ao se fazer uma paráfrase à Maçonaria pode-se afirmar que o conjunto de postulados, conceitos, princípios, códigos éticos e morais, marcos regulatórios da Ordem (Landmarks), ritos, aspectos religiosos, esotéricos, exotéricos, sociais, históricos e filantrópicos, além é claro que os Sinais, Marchas, Batidas de Graus, Simbolismos e naturalmente a busca contínua pelo "Aprimoramento Humano" constituem-se no que se pode chamar de "Cultura Maçônica".
    A todo esse cabedal de circunstâncias conferem-lhe sua natureza Universal e nela reside a amplitude cultural de nossa Sublime Ordem expressa através de um vasta literatura, e até mesmo contextualizada por meio de peças teatrais, manifestações musicais, esculturas e obras arquitetônicas. Aliado a todo esse processo cultural, ao Maçom compete exercitar essa dinâmica entregando-se sem medo à pesquisa e à prática de sua essência. Indispensável traçar aqui um paralelo entre Cultura e Intelectualidade, especialmente do ponto de vista da Cultura Ocidental, posto que esse foi sempre um dos princípios do modus vivendi ocidental, separando o trabalho do lazer.
    Cultura evoca o conjunto da Obra e Intelectualidade remete ao exercício supremo da Ordem conjecturado por meio da concentração e formulação de Idéias e Estratégias. A cultura maçônica notadamente de grande influência das civilizações ocidentais, mormente cristãs, absorveu também atividades e métodos orientais, notadamente no seu âmbito metafísico e esotérico, o que se identifica inclusive nos estudos dos graus filosóficos e superiores da Arte Real. Influências das culturas mesopotâmicas (Caldeus, Acádios, Sumérios), dos antigos egípcios e dos Judeus todos de alguma forma deixaram seu legado como contribuição para o amalgamento da cultura maçônica.
    Outra característica cultural marcante são os seus Augustos Mistérios e os Segredos da Ordem que emprestam-lhe um ar permanentemente hermético e instigante e que somente se revelam a um legítimo Maçom por meio das próprias descobertas que se traduzem através dos Simbolismos contidos na sua filosofia e no aprofundamento de seu exercício contínuo em Loja.
    A cultura maçônica visa congregar a interpretação de seus símbolos, a prática de suas tradições e suas lendas místicas. A relação simbólica com o Universo e todos os sinais e códigos denotam essa marca cultural sempre objeto de muita curiosidade dos não iniciados. É inegável que construir e desenvolver uma Consciência Reflexiva humana no âmbito espiritual, filosófico, filantrópico e progressista, enseja outro arsenal consistente de que se vale a obra e a cultura maçônica, especialmente porque a Maçonaria propõe o exercício constante da Reflexão, visto que esta significa o movimento em volta de si mesmo, é a interrogação a si mesmo, como busca pelo aprimoramento do homem.
Cabe aqui citação do autor Mansur, 1999, Boller 2011 que escreve:
“...O medo dos poderosos não é tanto pela forma esotérica das reuniões dos maçons, mas principalmente pelo fato de, pela educação natural, libertar o pensamento do cidadão, conscientizando-o de seu papel na sociedade e no Universo. A ordem maçônica não concorda com posicionamentos radicais ou de concentração de poder, e isto lhe rendeu poderosos inimigos. A vingança de insidiosos perseguiu maçons; miríades morreram para manter a ação de educar o homem do povo em direção à liberdade...”.
   É portanto válido afirmar que um dos expoentes da Cultura Maçônica é o seu "caráter adogmático", posto que a busca pela verdade e pelo crescimento humano são valores de inestimável perenidade, vez que o Maçom está em constante elevação, pois a liberdade de pensamento permite-lhe explorar as fronteiras mais longínquos do Conhecimento.
   A Maçonaria encerra em sua compleição cultural ensinamentos místicos e simbólicos, e constitui-se num sistema de moral e ética que não deriva da antropologia religiosa. É o homem conhecendo-se a si mesmo e burilando o Templo que existe dentro de si, pautado por elementos esotéricos e referências de cunho religioso que lhe conferem seus aspectos plurais de respeito e convivência entre todos os credos que conduzem ao entendimento do princípio da existência de um Supremo Arquiteto do Universo.
   Fontes inesgotáveis para a compleição cultural da Ordem são a Alquimia, a Geometria, a Arquitetura e a Astronomia que tantos valores agregam à Maçonaria e cujos estudos se evidenciam na prática durante o transcurso das Sessões em todo o mundo. Elementos esses que se perdem no tempo e no espaço dada a longevidade e consistência de suas influências e fundamentos que norteiam a instituição. De acordo com o autor maçom Albet Pike - Grande Comandante da Jurisdição do Sul do Rito Escocês Antigo e Aceito entre 1859 e 1891, como parte da CULTURA de nossa Ordem, destaque-se que os Símbolos Maçônicos "ocultam" e não revelam os seus ensinamentos, importando revelar somente ao iniciado, e dependendo do grau em que se encontrar, o nível de revelação; não sendo entretanto uma opinião compartilhada por muitos maçons. No seu livro, Moral e Dogma, este aponta os ensinamentos que devem ser apresentados e registra que diversos são os símbolos que a maçonaria apresenta aos maçons, distribuídos pelos diversos Graus que compõem os Ritos, e cabe a eles interpretarem e apreenderem o significado dos mesmos para construir o seu caminho.
     Assim, os símbolos e as alegorias fazem com que em tese os Maçons de todo o mundo se entendam, mesmo que suas línguas sejam diferentes, porém sob a égide de uma CULTURA sedimentada que valoriza e substancia as relações Fraternas que dão vida e sustentação a nossa Ordem.

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