sexta-feira, 20 de novembro de 2015

O que queremos para nós mesmos?



Ensinamentos da Águia


  A Vida é feita de escolhas e ações que nos impulsionam para a frente e para o alto, ou de cristalizações que nos paralisam e nos impedem de ser feliz. Escolhas equivocadas, ou a falta de ações, nos aprisionam no comodismo e no passado, funcionando como se fossemos um elástico que estivesse atado ao nosso corpo e a uma enorme rocha e que continuamente nos puxa para trás e nos impede de avançar em busca dos nossos ideais, de nossos objetivos e de nossas conquistas. 
  Em situações de repetição de eventos negativos em nossas vidas, devemos observar, analisar e avaliar o que estamos teimosamente repetindo de errado, para que possamos romper com esse ciclo vicioso. Somente assim poderemos avançar no nosso progresso individual – pois pé de banana na fornece abacate. De acordo com Carlos Torres Pastorino ‘Se não quisermos acompanhar a evolução do Universo, seremos inevitavelmente arrastados a isso por meio do sofrimento e da dor, e progrediremos de qualquer forma, mesmo com uma desnecessária demora.’ 
  Assim quando pensamos em ludibriar outras pessoas para levar algum tipo de vantagem, repetimos um dos grandes equívocos cósmicos, pois nos aprisionamos a uma metafórica bola de ferro das prisões medievais que retardará o nosso processo evolutivo de iluminação e de desapego das coisas mundanas e materiais. No seguimento desse raciocínio, podemos utilizar a simbologia da Águia, segundo Sérgio Quirino Guimarães: ‘A Rainha das Aves encontra-se em muitas simbologias, principalmente quando se quer simbolizar soberania, nobreza, força, liberdade, foco, comprometimento, renovação. Mas o maior simbolismo da águia está na coragem demonstrada ao proteger o que lhe é de grande valor: ‘Como a águia que desperta a sua ninhada, paira sobre os seus filhotes, e depois estende as suas asas para apanhá-los, levando-os sobre elas.’ (Deuteronômio capítulo 32, versículo 11) Como seria salutar se as pessoas se tornassem um ‘verdadeiro e grande ninho de águias’, onde aprendessem o verdadeiro valor da coragem, aprendendo, sem medo, a fazer o que é certo e o deve ser feito. Ter coragem é ter coerência com nossos valores e princípios. É despertar as pessoas que estão no ciclo da repetição negativa, não para castigá-las, mas, para juntos, procurar as suas causas e afastá-las. No momento de tensão, descobrimos os diferentes níveis de comprometimento das pessoas com os valores éticos e morais. Quantas vezes o ego nos trai e nos expõe o quanto ainda somos imperfeitos e insistimos que certas arestas não precisam ser desbastadas! É como se disséssemos a nós mesmos: ‘Eu estou pronto. Não preciso aprender mais nada. E, eu me basto.’ Desta forma, somos apenas uma imagem e uma aparência que revelamos para o Universo, pois nos apresentamos como uma águia, mas voamos como um frango que apenas pia e cisca para trás. 
  Existe um conforto natural que sentimos na vida, quando podemos nos apresentar por inteiro, sem máscaras e dissimulações, sem medo de nos expor ao outro, inclusive nos nossos erros. Esse é um dos pilares mais sólidos da Fraternidade e, seguramente, um dos garantidores de nossa Liberdade individual e social, pois por mais que nos armemos com máscaras, dissimulações, falsas imagens; nada disso funciona no Templo da Vida. Não há nada que se compare à verdade colocada com delicadeza e respeito a quem nos opomos. 
  Todos se engrandecem com essa postura. É preciso ser corajoso para ser humilde e ser inteiro. A humildade, virtude do homem maduro, caminha junto à coragem. Ambas nos mantêm vivos e nos esclarece o quanto ainda nos falta para a construção do nosso Templo Interior. As reflexões sobre os verdadeiros ensinamentos nos levam ao comprometimento e a sermos verdadeiramente inteiros. 
  Se o indivíduo não for comprometido e corajoso, uma hora ou outra, inexoravelmente, chegará o momento em que a fraqueza de sua verdadeira alma será revelada. O comprometimento com aquilo que acreditamos, ser justo e verdadeiro é uma espécie de exercício de vida e nos faz amadurecer o espírito, nos traz conforto para a alma, nos fortalece perante as pessoas e nos prepara para vida. Ou seja, nos faz melhor como Ser Humano. 
  Também é necessária a virtude da coragem para se ter comprometimento, quer dizer, agir com o coração. Somente investidos de coragem seremos coerentes conosco e com os outros. É na coragem que germina o conforto de sermos inteiros como Homem. Às vezes, deixamos de expressar aquilo que acreditamos, iludidos de estarmos nos preservando contra um, contra todos, ou nos prevenindo de algum mal. Este é um grande equívoco que não deve estar ao lado de quem busca o seu processo evolutivo. Quando um homem, por medo, insegurança ou descaso com o outro, não se compromete inteiramente naquilo que prega ou acredita, acaba por se desmerecer perante aos outros e perante ele mesmo. 
  A ausência ou a dissimulação do comprometimento fragiliza o homem e ele acaba por se revelar menor a si e ao outro. Desmascarado pelo próprio medo, ele entra em conflito interno e acaba por se tornar menor como homem. Aí, a dissimulação se torna uma prática comum internalizada e ele marca sua vida com sua própria mentira, afundando-se no desconforto de uma existência enganosa. E se sentindo menor, ele se torna frágil na Fraternidade. E o pior, bota fora sua própria Liberdade. E, então, qual será a nossa opção de Vida: Ciscar como um frango, ou voar como uma águia?’ Lembre-se também que ‘Cada experiência é um investimento que vai render para sempre em sua Vida.’

O Ir.´. Vidigal de Andrade Vieira* Carangola – MG e Membro Correspondente da Loja Brazileira de Estudos e Pesquisas de Juiz de Fora – MG.

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