por el M:.R:.H:. Guilherme Oak
O
judaísmo ensina que a Lei de Deus está contida na Torah (),
a parte principal da bíblia judaica que contem os 5 primeiros livros de toda a
Bíblia, como visto anteriormente, ou seja o Pentateuco dos cristãos. A tradição
judaica ensina que a Torah é a eterna lei dada por Deus e é completa, nunca
será mudada até mesmo por Deus e, obviamente, nunca poderá ser alterada por
qualquer mortal. Já aqui surge naturalmente uma comparação com os landmarques maçônicos que preceituam não
estar no poder de qualquer homem-maçom ou corpo maçônico fazer inovações na
estrutura básica da maçonaria. Nos tempos modernos, ambas assertivas podem
cheirar politicamente incorretas, apresentando um odor dogmático que repulsa as
mentes liberais e tolerantes no limiar do terceiro milênio, mas convém
salientar que isto se refere aos fundamentos que deverão permanecer intocados.
Tanto que um dos livros clássicos de Pike se intitula Moral e Dogma. Assim maçonaria e judaísmo, tais como os padrões
éticos das outras grandes religiões, ensinam que devemos nos auto-disciplinar e
manter nossas paixões em constante guarda. O disciplinamento ritualístico, seja
nas sinagogas seja nas lojas maçônicas, auxilia a desenvolver esta habilidade.
Outra
similitude poderá, também, ser encontrada na cerimônia da circuncisão e do Bar
Mitzvah (). Logo após o nascimento de todo judeu
homem, ele é circuncidado pelo rabino, ou seja é feito o corte no prepúcio do
pênis do bebê, numa cerimônia familiar como um sinal ancestral de aliança entre
Deus e patriarca Abraão. Treze anos depois, já adolescente, o mesmo judeu macho
participa do Bar Mitzvah que consiste em aprender a recitar preces e passagens
bíblicas em hebraico e a participar em rituais judaicos quando, enfim, adquire
todos os direitos e deveres do homem judeu. Todos os maçons já fizeram, aqui, a
comparação com a iniciação maçônica do profano e a exaltação ao grau de mestre
quando se adquire a plenitude maçônica...
No
tocante à liberdade individual, maçonaria e judaísmo emulam para ver quem
apresenta maior performance de respeito e apoio. Tal fato, contudo, não é
exclusivo dos dois, pois o cristianismo apresenta, também, considerações
profundas sobre o livre arbítrio, mas não é o caso de ser aqui discutido. O
judaísmo ensina que todo ser humano é capaz do bem e do mal e tenta ajudar o fiel
a usar o livre arbítrio para escolher o caminho eticamente correto. A maçonaria
ensina que aqueles que são moralmente capazes podem encontrar a “luz” na
maçonaria se eles desejarem isto por suas próprias vontades livres. Os maçons
franceses, principalmente os do Grande Oriente de França, chegaram ao ponto de
colocar como um dos seus lemas a liberdade absoluta de pensamento. O conceito
de exercitar a vontade livre para aceitar a lei e a reparação pelas
transgressões passadas é o que preconiza o Rosh Hashanah ( ) e o Yom Kippur ( ). Os judeus acreditam que dez dias no
início do novo ano judeu devem ser usados para reparar os pecados passados e
buscar a resolução firme de evitar o pecado no futuro. De modo análogo, a
maçonaria ensina que todo homem deve lutar para crescer moralmente e livrar-se
de todo preconceito. Não é atoa que a disputa entre a maçonaria francesa e a
inglesa se dá entre a liberdade absoluta de pensamento, preconizada pelos
franceses, contra o teísmo inglês que forçou a própria reformulação da
Constituição de Anderson, quinze anos após a sua promulgação.
A
luz é um importante símbolo tanto no judaísmo como na maçonaria. “Pois o
preceito é uma lâmpada, e a instrução é uma luz”, Prov. 6, 23. Um dos grandes
feriados judaicos é o Chanukah (), ou seja o Festival das Luzes,
comemorando a vitória do povo de Israel sobre aqueles que tinham feito a
prática da religião um crime punível pela morte ali pelo ano 165 a. E. V. (Os
judeus substituem o antes de Cristo e o depois de Cristo pelo antes e depois da
Era Vulgar). A luz é um dos mais densos símbolos na maçonaria, pois representa
(para os maçons de linha inglesa) o espírito divino, a liberdade religiosa,
designando (para os maçons de linha francesa) a ilustração, o esclarecimento, o
que esclarece o espírito, a claridade intelectual. A Luz, para o maçom, não é a
material, mas a do intelecto, da razão, é a meta máxima do iniciado maçom, que,
vindo das trevas do Ocidente, caminha em direção ao Oriente, onde reina o Sol.
Castellani diz que graças a essa busca da Verdade, do Conhecimento e da Razão é
que os maçons autodenominam-se Filhos da
Luz; e talvez não tenha sido por acaso que a Maçonaria, em sua forma atual,
a dos Aceitos, nasceu no “Século das Luzes”, o século XVIII.
Outro
símbolo compartilhado é o tão decantado Templo de Salomão. Figura como uma
parte central na religião judaica, não só, por ser o rei Salomão uma das maiores
figuras do panteão de Israel, como o Templo representar o zênite da religião
judaica. Na maçonaria, juntou-se a figura de Salomão, à da construção do
Templo, pois os maçons são, simbolicamente, antes de tudo, construtores,
pedreiros, geómetras e arquitetos. Os rituais maçônicos estão prenhes de lendas
sobre a construção do Templo de Salomão. Para os maçons existem três Salomões:
o Salomão maçônico, o bíblico e o histórico.
Outro
traço cultural comum seria a obediência para com a autoridade. Max Weber propôs
três tipos de autoridade: a tradicional, a carismática e a racional-legal. A primeira
adstrita às sociedades antigas, a segunda referente aos surtos de carisma que a
humanidade vive de tempos em tempos e a terceira, apanágio da modernidade. A
tradição judaica ensina uma obediência respeitosa para com os pais e os
rabinos. A maçonaria ensina, desde a Constituição de Anderson de 1723, o
respeito para com a autoridade legitimamente constituída. (Este preceito é
cristalino na maçonaria de cunho anglo-saxão, já os latinos, no embate contra o
trono e a cruz...).
Como último aspecto comum, tem-se os
esforços positivos na maçonaria e no judaísmo para encorajar o aprendizado. A
cultura judaica tem uma larga tradição de impulsionar o maior número de judeus
a se notabilizar pelo conhecimento nas artes, na literatura, na ciência, na
tecnologia, nas profissões em geral. Durante séculos, os judeus tem se
destacado nos diversos campos do conhecimento humano e o seu empenho em melhorar
suas escolas e seus centros de ensino demonstram cabalmente isto. Digo de
notar-se é que as famosas escolas talmúdicas - as yeshivas - vem do verbo
lashevet , ou seja sentar-se. Deste modo para aprender é necessário sentar-se
nos bancos escolares. Assim também na maçonaria, nota-se uma preocupação
constante, cada vez maior, com o desenvolvimento intelectual dos seus epígonos,
no fundo, não só como um meio de melhorar a sua escola de fraternidade e
civismo como também para perpetuar os seus ideais e permanecer como uma das
mais ricas tradições do mundo moderno.
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