domingo, 25 de agosto de 2013

A MAÇONARIA NEGRA...

...OU PRINCE HALL
Prince Hall era um escravo que trabalhava em couro, perto de Boston, Massachusetts. Seu senhorio, em 1749, era William Hall. Em 9 de abril de 1770, como reconhecimento pelos seus trabalhos, foi alforriado após 21 anos de serviço. Provavelmente, Prince Hall nasceu em 1735. Conjectura-se onde: em Boston, Massachusetts ou em Barbados (Caribe). Documentos da época listam 21 pessoas do sexo masculino cujo nome era Prince Hall. Portanto, estes dados são especulativos;  usa-se aqui os dados oficiais da Most Worshipful Prince Hall Grand Lodge of State of New York.
Após alforriado, consta que Prince Hall trabalhou como abolicionista. Conta-se que ele lutou pela existência de leis que protegessem, de seqüestro, os negros alforriados dos traficantes de escravos, em Massachusetts. Fez campanha para fundação de escolas para crianças negras, tendo tido uma escola em sua própria casa. Prince Hall e outros 14 negros livres e amigos da mesma região, se aproximaram de um alojamento britânico de maçons, pertencentes ao 38º Regimento em Boston. Estes 15 negros foram iniciados na Loja do alojamento britânico (Irish Constitution Military Lodge nº 441) em 6 de março de 1775. (Na época, a  Irlanda pertencia ao Reino Unido). É provável que Prince Hall tenha servido nas milícias de Massachusetts durante a Guerra Revolucionária Norte-Americana (1775–1783) ou  na Guerra da Independência. (Isto também é uma especulação, pois que há registros de 6 militares da época com o nome de Prince Hall).  Após o retorno do regimento britânico à Grã-Bretanha, foi solicitada a permissão para que, os que permaneceram em Boston, formassem uma Loja. Em 3 de julho de 1775 (um ano antes da Declaração de Independência dos EUA) o grupo formou a primeira loja de maçons negros e livres do mundo, a African Lodge nº 1 (Loja Africana nº 1). Na época, a Loja só estava autorizada a funcionar nos dias de São João (24 de junho e 27 de dezembro) e conduzir funerais maçônicos, mas não poderia conferir graus nem qualquer outro trabalho maçônico. Prince Hall foi eleito seu primeiro Mestre da Loja. Foi o fundador da “Maçonaria Negra” nos EUA, conhecida, hoje, como Maçonaria Prince Hall.  A African Lodge nº 1 foi excluída, como loja, pela Grande Loja Provincial de Massachusetts. Entretanto, a Grande Loja de Londres, em 29 de setembro de 1784 (não existia, ainda, Grande Loja Unida da Inglaterra), concedeu uma carta constitutiva como African Lodge nº 459, carta esta que só chegou a Boston em 1787. Esta Loja contribuiu para o Fundo de Caridade da Grande Loja de Londres até 1797. Depois de 1802, com problemas de comunicação entre a América do Norte e Inglaterra, devido às guerras napoleônicas, foi perdido o contato entre A Loja Africana e a Grande Loja de Londres.
Embora o Grão Mestre da América do Norte, John Rowe, tivesse permitido os trabalhos da Loja Africana, esta permaneceu separada da maçonaria branca nos EUA porque os maçons brancos não aceitavam os maçons negros.  Havia problemas de racismo e segregacionismo.  Prince Hall expandiu a maçonaria negra para outras cidades e, em 24 de junho de 1797, 22 anos depois, uma segunda loja negra (Hiram Lodge, sem número devido à perda de contato) foi fundada em Providence, Rhode Island.  Um ano depois, outra loja negra; desta vez, em Philadelphia (African Lodge No. 459 B – observa-se o mesmo número da primeira Loja Africana).
Logo depois, em 1812, fundou-se uma Loja Prince Hall em New York. Após a criação da Grande Loja Unida da Inglaterra, em 1813, as Lojas Africanas, na América, tiveram seus registros omitidos (não se sabe bem o porquê), não havendo contato por muitos anos. Entretanto, a carta constitutiva não foi retirada das Lojas Africanas. Como as cartas constitutivas das Lojas brancas foram retiradas apos a declaração da independencia (1776) e a carta constitutiva da loja africana não foi retirada, os maçons Prince Hall dizem, hoje, que a maçonaria Prince Hall é a mais antiga maçonaria regular e a mais autentica dos EUA.
Na maçonaria norte-americana, a formalidade de ingresso de novos membros envolve um escrutínio secreto (voto anônimo) e a concordância, absolutamente unânime, após sindicância. Em vista disso, houve racismo e segregação nas Grandes Lojas (lojas “brancas”) e, igualmente, nas Lojas Prince Hall (lojas “negras”). Embora as leis norte-americanas e a moral maçônica condenem o racismo, é impossível identificar um voto anônimo. Este sistema de segregação racial, na maçonaria norte-americana, perdurou até 1960, com raras exceções e ainda persiste até hoje, em algumas jurisdições. São poucas as lojas norte-americanas (das Grandes Lojas) que tinham membros afrodescendentes e, igualmente, são muito poucas as Lojas Prince Hall que tinham membros caucasianos. Houve, tambem, declarações  explicitas de racismo, nos regulamentos das lojas brancas. Hoje os maçons Prince Hall chamam as lojas brancas, pejorativamente, de Maçonaria caucasiana;  por outro lado os maçons das lojas brancas chamam, pejorativamente, os maçons afro-americanos de Maçonaria negra.
Prince Hall morreu em Boston em 4 de dezembro de 1807. Um ano após sua morte, a Loja Africana nº 1 passou a chamar-se Loja Prince Hall, em honra a Prince Hall. Em 1815, foi formada a Prince Hall Grand Lodge of Pennsylvania. Em 1827, a Grande Loja de Massachussets recusou o reconhecimento das Lojas Africanas, tendo, então, sido formada a Grande Loja Africana de Massachussets.
Na década de 1830, procurou-se formar a National African Grand Lodge, sem sucesso. Mas, na década de 1840, foram formadas Prince Hall Grand Lodges em vários estados dos EUA e algumas no Caribe. Todas as Prince Hall Grand Lodges são oriundas da Prince Hall Grand Lodges of Massachusetts.
Por muitos anos, as lojas Prince Hall e as Grandes Lojas, nos EUA, fizeram um trabalho integrado, ainda que não tivesse havido um reconhecimento formal. Isto não ocorreu (e, em certos casos, ainda não ocorre) em alguns estados do sul dos EUA, de tradição segregacionista. Não obstante sua formação incomum, a Prince Hall Grand Lodges of Massachusetts foi, finalmente, em dezembro de 1994, aceita como regular e reconhecida pela Grande Loja Unida da Inglaterra. Em verdade, na prática, foi “renovado o reconhecimento” de 1784. Mas, até hoje, as lojas negras são separadas das lojas brancas, embora haja reconhecimento mútuo e eventuais visitas. Hoje, várias Lojas Prince Hall são reconhecidas e regulares, pela Grande Loja Unida da Inglaterra e são reconhecidas pela maioria das Grandes Lojas estaduais, nos EUA. Segundo dados de 2008, 41 das 51 Grandes Lojas estaduais dos EUA, reconhecem as Grandes Lojas Prince Hall. A tendência é que os 10 estados restantes (quase todos do sul) venham a reconhecer as Grandes Lojas Prince Hall. Observe que, na prática, mas não formalmente, as Grandes Lojas Prince Hall formam uma outra Obediência regular e reconhecida. A maioria das Grandes Lojas do Canadá reconhece as Grandes Lojas Prince Hall. A Grande Loja Unida da Inglaterra reconhece, atualmente (2006), 21 Grandes Lojas Prince Hall. As Grandes Lojas da Irlanda e da Escócia reconhecem as Grandes Lojas Prince Hall de Massachusetts e de Connecticut.  Isto é puramente formal, pois, com o reconhecimento e regularização da GLUI, todas as Potências regulares, como o GOB, reconhecem, indiretamente, as Grandes Lojas Prince Hall.
Hoje, existem Lojas Prince Hall nos EUA, Canadá,  Barbados (Caribe), Bahamas, Jamaica, Belize,  Libéria e mais recentemente Africa do Sul. Existem, no mundo, 45 Grandes Lojas Prince Hall, com cerca de 5.000 lojas subordinadas e cerca de 300.000 maçons Prince Hall.
As Lojas Prince Hall têm (ou tiveram) membros notáveis. Cita-se os mais conhecidos:
- Rev. Jesse Jackson, Chicago, Illinois;
- Rev. Al Sharpton, New York, líder de direitos civis;
- Andrew Young, Atlanta, Georgia, ex-embaixador dos EUA na ONU;
- Thurgood Marshall, juiz da Suprema Corte dos EUA;       
- Ralph H. Metcalfe, campeão olímpico;
- Nathaniel "Nat King" Cole, pianista e cantor;
- Edward Kennedy "Duke" Ellington, líder de orquestra, compositor de jazz;
- William “Court” Basie, líder de orquestra e compositor de jazz;
- James Herbert “Eubie” Blake, pianista e compositor de jazz;
além de vários atletas, representantes (deputados) estaduais e federais, prefeitos (e exprefeitos) municipais (Los Angeles, Kansas City, Philadelphia,  Cleveland, Atlanta), exgovernador de estado (Virginia), industriais e executivos de grandes empresas, professores universitários, reitores e ex-reitores (Atlanta University, Tuskegee Institute), atores, comediantes conhecidos, alguns Grão Mestres de Grandes Lojas (não Prince Hall), jornalistas conhecidos (o editor de Ebony e Jet Magazine, e o editor de Chicago Defender),  lideres sindicais e generais do exercito dos EUA. Por último, o mais conhecido e importante:
Barach Hussein Obama II (44º Presidente dos EUA)  é mestre  maçom Prince Hall (iniciado na Harmony Lodge Nº 88, Chicago, Illinois) e é grau 32º do REAA (Sublime Príncipe do Real Segredo) da Maçonaria Prince Hall.

Fonte: www.formadoresdeopiniao.com.br

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