“Todos os homens são iguais por natureza, feitos do mesmo barro, pelo mesmo Criador; embora nos iludamos, tanto é estimado por Deus o camponês pobre quanto o príncipe poderoso”
(Platão)
Deus – Ser infinito, perfeito, criador de tudo e de todos. Para o Maçon, Deus é o Grande Arquitecto do Universo. - Homem – o ser humano com sua dualidade de corpo e de espírito.
O medo do desconhecido e a necessidade de dar sentido ao mundo que o cerca levaram o homem a fundar diversos sistemas de crenças, cerimonias e cultos – muitas vezes centrados na figura de um ente supremo - que o ajudam a compreender o significado último de sua própria natureza. O ser humano é uma criatura instintivamente religiosa. Deus é o nosso mais forte arquétipo.
Deus é amor. Não podemos ver o amor, nem ter uma compreensão do que seja o amor, a não ser quando ele toma um corpo. Todo o amor que existe no universo é Deus. O amor entre marido e mulher, entre pais e filhos, é uma parcela ínfima de Deus manifestado através de forma visível. O amor de mãe, tão infinitamente terno, tão abnegado, é o mesmo amor, apenas manifestado em maior dosagem pela mãe.
O Homem – Deus, em seus desígnios, faz o homem nascer num meio onde pode desenvolver sua inteligência e quer que dela use para o bem de todos; porque é uma missão que lhe dá, colocando em suas mãos o instrumento com a ajuda do qual o homem pode desenvolver, a seu turno, as inteligências retardatárias e as conduzir a Deus. A inteligência é rica de méritos para o futuro, mas com a condição de ser bem empregada; se todos os homens dotados, se servissem dela segundo os propósitos de Deus, a tarefa seria fácil para fazer a Humanidade avançar; infelizmente, muitos fazem dela um instrumento de orgulho e de perdição para si mesmos. O homem abusa da inteligência como de todas as outras faculdades e, entretanto, não lhe faltam lições para adverti-lo de que uma poderosa mão pode lhe retirar aquilo que ela mesma lhe deu.
Perguntaram ao Dalai Lama o que mais o surpreende na humanidade – Ele respondeu:
“Porque perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido!”
Religiões – O medo do desconhecido e a necessidade de dar sentido ao mundo que o cerca levou o homem a fundar diversos sistemas de crenças, cerimonias e cultos - muitas vezes centrados na figura de um ente supremo – que o ajuda a compreender o significado último de sua própria natureza.
Denominam-se religiões as filosofias – há milhares delas – que conduzem o ser humano às Igrejas, movidas pelo temor de um castigo divino ou pela esperança de um prémio após a morte. Todo acto capaz de unir Deus à criatura pode se considerar religião, independente da nomenclatura.
A primeira missão das religiões é provar que existe Deus que nos criou e que, se o nosso corpo físico é perecível, a nossa alma é eterna. Provar também que Deus, pela sua imensidade, está em tudo que existe. E sobre o respeito que devemos ter por Deus e a reverência que a Ele devemos consagrar.
As religiões monoteístas professam a crença num Deus único, transcendente – distinto e superior ao universo – e pessoal. Um dos grandes problemas do monoteísmo é a explicação da existência do mal no mundo, o que levou diversas religiões a adoptarem um sistema dualista, o maniqueísmo, fundado nos princípios (opostos) supremos do bem e do mal.
As grandes religiões monoteístas são o judaísmo, o cristianismo – que professa a existência de um só Deus, apesar de reconhecer, como mistério, três pessoas divinas – e o islamismo. A religião visa ao retorno a Deus daquele que o “abandonou”, em um regresso aos preceitos contidos no Livro Sagrado de sua Fé.
Deve-se distinguir religião de seita, doutrina ou qualquer princípio similar. A Maçonaria pode ser uma religião no sentido estrito do vocábulo, isto é, na harmonização da criatura com o Criador. É a religião Maior e Universal; o contacto com a Parte Divina; é a comunhão com o Grande Arquitecto do Universo, é o culto diante do Altar dentro de uma Loja ou no Templo Interior de cada maçon. O maçon deve ser religioso nas suas atitudes, pois não é criatura de viver isolado e só.
Maçonaria e Igreja não se confundem, se completam. A Igreja é de cunho divino, santo, que vem do alto; Maçonaria é de cunho humano, terreno, que foi a melhor maneira de expressar os ensinamentos do alto. Maçonaria é religião, pois liga os homens entre si e com o Grande Arquitecto do Universo. Maçonaria não é religião quanto aos seus actos exteriores, dogmas de fé, pois ela nunca pretendeu sobrepor a fé de nenhum de seus membros, nem lhes impõe nenhuma crença, excepto o amor fraternal e a existência do Ser Infinito. Na Maçonaria ninguém luta por supremacia, pois todos são iguais, ninguém impõe suas ideias, pois são respeitados todos os ideais, cada qual adorando a Deus de acordo com os ditames de sua própria consciência.,
Resumindo, o maçon será religioso quando praticar o bem e considerar o próximo como irmão, seja qual for a sua condição social, não seja visto como superior ou inferior, mas, antes de qualquer discriminação, seja reconhecido como igual ou semelhante.
Deus e Homem – Para os cristãos, Jesus é Deus feito carne, a personificação da verdade, a revelação e o cumprimento das promessas de Deus. Mas Jesus era também homem, e por isso seus ensinamentos eram dotados de uma profunda preocupação com a realidade temporal da humanidade. Assim, Jesus venerou como divina a lei contida no Antigo Testamento, mas ensinou aos discípulos que se concentrassem nos dois preceitos fundamentais: o amor a Deus e o amor ao próximo. Seu nascimento, morte e ressurreição significam o início do reino de Deus, que deveria ser acima de todo esforço humano, um desígnio divino. Assim, os ensinamentos de Jesus podem ser resumidos em dois pontos fundamentais: a exortação a uma vida justa e piedosa e a exaltação da omnipotência divina como instância superior aos actos humanos.
A fé em Jesus Cristo, Filho de Deus, implica a aceitação do mistério de sua dupla natureza, divina e humana, que não se confundem, mas estão indissoluvelmente unidas.
Fé – Em Teologia, a Fé é a expressão da crença como acto lógico e fundamental da razão humana. É a primeira das virtudes teológicas, aquela pela qual cremos em todas as verdades que Deus revelou que a Igreja propôs à crença, e que são contidas na Escritura Sagrada ou ensinadas pela Tradição. É absolutamente necessário ter fé para ser salvo; esta fé deve ser explicita para os adultos, ao menos para as principais verdades. O cristão é, por outra, obrigado a confessar a sua fé publicamente, mesmo com perigo de vida, se o quiserem constranger pela força a renegá-la.
De uma maneira geral, pode-se definir a fé como uma convicção fundada não sobre a evidê0ncia ou sobre o raciocínio, mas sobre o testemunho. Assim entendida, a fé é, mesmo na ordem natural, a fonte do maior número dos nossos conhecimentos.
Para Luis Umbert Santos (Cartilha del Francmasón), a fé religiosa transfere os fenómenos do mundo natural ao sobrenatural, sendo portanto a principal oponente do racionalismo. E Ragon diz que, segundo os teólogos: “... a fé seria a virtude de crer firmemente em coisas que nem sempre estão de acordo com a Natureza nem com a razão. Pelo visto ignoravam que crer é o oposto de saber. A incredulidade de São Tomé é a metáfora com que se nos quer advertir que a fé não deve ser cega, sendo mister que a verdadeira fé, isto é, aquela que salva e conduz à verdade, seja iluminada pela sã razão e se apoie na convicção da consciência.
Diremos que a Fé de um homem pertence-lhe tanto quanto a sua Razão. Precisamos de uma fé, mas de uma fé robusta.
Fé em Deus – Exige-se aos candidatos à iniciação maçónica a declaração de sua fé em Deus. Aquele que negar a existência em Deus, diz Mackey, é negado o privilégio da iniciação, sendo o ateísmo uma desqualificação para a Maçonaria. “Este piedoso princípio, diz ele, distinguiu a Fraternidade desde o período mais primitivo, sendo uma feliz coincidência que a Companhia dos Maçons Operativos instituída em 1477, tivesse adoptado como sua divisa, o verdadeiro sentimento maçónico: “O Senhor é toda a nossa Fé”.
Valdemar Sansão – M:. M:
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