A busca pela Felicidade
A vida humana é uma das
realidades biológicas mais complexas e misteriosas do universo. Afirmar
qualquer coisa sobre o ser humano é sempre uma atitude arriscada, pois nada é
preciso, principalmente quando se fala em necessidades humanas. Além das
necessidades biológicas, responsáveis pela sobrevivência do homem, há também
necessidades espirituais. E a principal delas é ser feliz.
A busca da felicidade, segundo Dalai Lama, é
a igualdade fundamental entre os seres humanos. “De fato, quanto mais vejo as coisas do mundo, mais claro fica para mim
que, não importa qual seja a nossa situação, sejamos ricos ou pobres,
instruídos ou não, qualquer que seja nossa raça, sexo ou religião, todos desejamos
ser felizes e evitar sofrimentos”. (Dalai Lama, 2000, pag.13).
Mas como ser totalmente feliz? Modificar os
pensamentos, as emoções e o comportamento podem ajudar a lidar com o
sofrimento, que é o responsável pela amargura da alma. Para Dalai Lama “grande porção do sofrimento que nos aflige
é na verdade criado por nós mesmos” (idem, pag. 07). Neste mundo
contaminado pelo materialismo, o ser humano esquece de alimentar o espírito,
abalando também sua saúde física, com sua estrutura fragilizada, os opositores
da felicidade, que são a ansiedade, o medo, o estresse, a confusão, a
insegurança e a depressão dominam com mais facilidade as atitudes do homem,
impossibilitando que ele seja feliz. Dalai Lama acredita que os atuais padrões
de comportamento são consequência do crescimento e desenvolvimento econômico.
As pessoas convivem diariamente com a competitividade e a inveja. Hoje é cada
vez mais difícil demonstrar um mínimo de afeto aos outros. Encontra-se apenas
um alto grau de solidão e a perda dos laços afetivos.
Ernest Cassirer, antropólogo, já previa este
estágio do ser humano, ao intitular uma de suas teses como “Multidão Solitária”. Atualmente as pessoas parecem não precisar
mais das outras, recorrem às máquinas para saciar suas carências. Ao observar o
padrão de vida da população mundial nota-se que quanto mais desenvolvido é o
país onde se vive, maior é o grau de infelicidade. As pessoas do chamado
“primeiro mundo”, ao invés de utilizarem a tecnologia e a ciência em prol de
sua felicidade pessoal, preferem competir entre si na aquisição de bens
materiais. No clássico da literatura infantil, “O Pequeno Príncipe”, Antoine
Saint Exupéry alertava o mundo quanto a falta de vínculos nos relacionamentos
dos seres humanos. Este fenômeno é consequência da falta de espiritualidade.
Dalai Lama, depois de viajar por muitos países e conhecer várias culturas,
conclui: “Não importa muito se a pessoa
tem ou não uma crença religiosa. Muito mais importante é que seja uma boa
pessoa”. (Dalai Lama, 2000, pag. 29).
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