Por Kennyo Ismail
Já vimos essa história anteriormente. Basta o indivíduo se tornar presidente dos EUA ou ser famoso e morrer para dizerem que é maçom. Isso provavelmente ocorre porque um presidente dos EUA não teria tempo ou daria relevância para desmentir tal afirmação. Os mortos então parecem ser os preferidos, pois fica ainda mais difícil de desmentir.
Sabemos porque isso acontece. Seria ótimo ser irmão de prêmios Nobel, presidentes, líderes mundiais e celebridades. Mas seria ótimo se fosse verdade. Nossa Ordem já é sublime o bastante pela sua história e ensinamentos. Não precisamos de garotos-propaganda.
No caso do Nelson Mandela, os websites de fanáticos religiosos e teóricos de conspiração se baseiam principalmente numa foto de Mandela vestindo uma capa preta com uma cruz branca de malta para afirmarem categoricamente que ele é maçom. E alguns maçons provavelmente gostaram muito da ideia. Tem até Grão-Mestre citando o “Irmão Mandela” em discurso.
A foto mostra Nelson Mandela com o manto da Ordem de São João, também chamada de Soberana Ordem Militar de Malta. Trata-se de Ordem honorífica, da qual a Rainha Elizabeth II é a Soberana Chefe e a concede a personalidades de destaque internacional. Cada país tem uma série dessas Ordens que são concedidas por seu governante. O Brasil tem condecorações similares como, por exemplo, a Ordem do Cruzeiro do Sul, a Ordem do Rio Branco, a Ordem Nacional do Mérito, etc. O ex-presidente Lula, enquanto presidente, recebeu da Rainha Elizabeth a Ordem de Bath, uma das tantas Ordens concedidas por aquela Chefe de Estado. Essas Ordens, logicamente, não costumam ter qualquer relação direta com a Maçonaria.
É claro que Mandela, pelos valores que defendia, poderia muito bem ser um maçom. Mas não podemos nos esquecer que apesar de que todo maçom tem que ter esses valores, nem todos com esses valores têm que ser maçons.
Obs.: Muitos irmãos defendem a teoria de que Mandela era maçom com base na afirmação do Irmão Joseph Walkes, em seu livro “The History of the M.W. Prince Hall Grand Lodge of North Carolina and Jurisdiction, 1864-2000″, que relata que o então GM W. C. Parker Jr., da MW Prince Hall GL da Carolina do Norte teria feito Mandela maçom “at sight”, na Georgia. O fato é que o GM da Prince Hall da Georgia teve a oportunidade de, por alguns minutos, entregar um presente a Mandela em seu quarto de hotel, quando Mandela estava de passagem pela Georgia, em 1990. O MW Irmão Parker Jr., então GM da PHGL da Carolina do Norte, foi convidado a acompanhá-lo no breve encontro no hotel, aproveitando a oportunidade para declará-lo maçom e informá-lo do desejo de se criar uma Loja “Nelson Mandela” na Carolina do Norte. As homenagens são, logicamente, justas, considerando a história de vida e luta de Mandela pela paz. Entretanto, três observações são feitas:
1) um GM iniciando um candidato em outro Estado, fora de sua jurisdição, mesmo que “at sight”;
2) iniciação “at sight” significa que o GM dispensa o candidato de processos preliminares e dos interstícios entre os graus, podendo galgar os três graus simbólicos sem escrutínio e em apenas um dia, mas não dispensa de passar pelas cerimônias, tendo os três graus duração por volta de 5 a 6 horas, o que é impossível ser realizado em poucos minutos num quarto de hotel. Tanto que, nas legislações maçônicas que permitem a iniciação “at sight”, geralmente há a menção de que o GM deve “abrir a Loja para esse fim”;
3) A criação de uma Loja com nome de pessoa viva.
Assim, considerando que numa Ordem Iniciática torna-se membro por meio de uma iniciação, e observando que não houve uma iniciação de fato, acredito que, infelizmente, Nelson Mandela não era maçom.
Fonte: www.noesquadro.com.br
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