terça-feira, 30 de julho de 2013

EM MEIO A TANTA HARMONIA, A LAMENTÁVEL INTOLERÂNCIA...

Por Edison Teixeira, Chanc.'.

Nos últimos dias tivemos o prazer de acompanhar momentos de muita paz e ecumenismo durante a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro.
O evento que é realizado pela juventude católica acabou se tornando de todos os jovens cristãos, e o grande responsável por isso foi o Papa Francisco que com o seu enorme carisma conquistou a todos, inclusive evangélicos.
Francisco, durante caminhada em uma favela carioca, convidou fiéis assembleianos a rezarem juntos, no que foi prontamente atendido. Em contrapartida, no encerramento da Jornada na Praia de Copacabana via-se várias faixas identificando evangélicos que aderiram ao movimento, independente da crença que continuavam professando.
Mas como nem tudo são flores, em meio a tantos gestos de paz, amor e tolerância, a falta de respeito por parte de um grupo feminista intitulado "marcha das vadias" acabou tendo um certo destaque.
Gestos obscenos, nudez em público, intolerância religiosa...
Tudo isso na frente de crianças, idosos, pessoas de bem.
Aprendemos todos os dias a exercitar a tolerância. Só não podemos confundí-la com libertinagem. 
O grupo, que pretende lutar pela liberdade de expressão, cometeu um verdadeiro atentado contra seus próprios ideais.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

FREI CANECA, O PRIMEIRO MÁRTIR DA CONSTITUIÇÃO

O nosso querido Irmão, Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, merece ser honrado, no panteão dos heróis nacionais, como o primeiro mártir da Constituição na História do Brasil.
Homem de espírito iluminista, defendeu uma constituição liberal para o Brasil e por esse enlevo patriótico, foi entregue às garras da morte pelo general Francisco de Lima e Silva, que presidiu o Tribunal de exceção, qualificado por Frei Caneca como um tribunal “sanguinário” e “assassino” formado pela “execranda comissão” como consta no itinerário, no qual Caneca descreveu sua fuga e prisão.
Nosso amado carmelita e honrado maçom, Frei Caneca, foi um dos “cabeças da Confederação do Equador”, proclamada em 2 de julho de 1824. Derrotada a Confederação, Frei Caneca foi feito prisioneiro em 29 de novembro de 1824, perto de Missão Velha, a caminho do Trato.
Em seu itinerário, Frei Caneca consciente de que estava fazendo e escrevendo a história registrou: “Vivíamos em descanso em nossa pátria, a cidade de Recife de Pernambuco, trabalhando na educação literária da mocidade, mas nossas verdades chocavam os interesses de Pedro de Alcântara, príncipe português, que o Brasil imprudente e loucamente havia aclamado seu imperador”.
Frei Caneca lutou por um ideal porque segundo ele, “para nossa glória gostamos de encantador néctar da liberdade”. Pernambuco tem a honra de ser a pátria da primeira vítima em prol de uma constituição livre.
Após sua prisão, em 29 de novembro, foi remetido ao Recife onde chegou no dia 17 de dezembro de 1824. Encarcerado no calabouço onde se guardavam as cabeças dos enforcados, por ordem expressa do famigerado general Francisco de Lima e Silva, em 20 de novembro Frei Caneca foi levado ante “esse sanguinário tribunal”.
Dois dias depois, nosso herói entregou sua defesa por escrito, conforme lemos no “processo verbal e sumaríssimo” realizado pela comissão militar em Pernambuco.
Nessa peça antijurídica, Frei Caneca é apresentado como “escritor de papéis incendiários” contra os quais o liberticida e mutilador de Pernambuco, Pedro I a carta imperial de 16 de outubro de 1824, refere-se aos “escritos violentos e injuriosos” e ordena ao brigadeiro Francisco de Lima e Silva “que todos os réus de semelhante natureza se devem julgar para serem processados e sentenciados, verbal e sumariamente, sem atenção a sua qualidade, emprego e graduação qualquer que seja”.
Dentre as dito testemunhas arroladas no processo- -relâmpago, uma disse que Frei Caneca trabalhava para o “movimento anárquico”, outra afirmou que “ele era da facção anarquista”, uma terceira denunciou que seus escritos procuravam dirigir a opinião pública “de um modo subversivo da boa ordem”.
A sexta testemunha arrolada, afirmou que Frei Caneca “propagava o seu sistema de se rebelarem os povos contra o governo imperial”. A oitava e última testemunha que o réu era escritor de papéis, que continham uma doutrina incendiária. Repetimos essas denunciações porque elas realizam aquele eterno retorno de que nos falam Nietzshe e Mircea Eliade.
Isso porque esses qualificativos foram utilizados até recentemente contra os paladinos das liberdades políticas e dos defensores de uma Assembleia Nacional Constituinte.
Em seu escrito de defesa, Frei Caneca ensinou que a sabedoria existe na Nação e com coragem, negou que pregava o separatismo, aos que apenas defendiam um regime constituinte.
No dia seguinte, 23 de dezembro de 1824, antevéspera do natal mais triste e vergonhoso da história de nossa pátria pernambucana, a Comissão Militar votou por unanimidade pela condenação à “pena de morte natural por crime de sedição e rebelião contra os imperiais do mesmo augusto senhor”.
O escrivão do crime Miguel Arcanjo Póstumo do Nascimento, certificou que, em 13 de janeiro de 1825, o Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, pelas nove horas da manhã padeceu de morte natural, posto que foi fuzilado, visto não poder ser enforcado pela desobediência dos carrascos. Essa foi a homenagem que os anônimos carrascos e ainda escravos e mesmos prisioneiros prestaram a Frei Caneca, negando-se a enforcá-lo. Daí porque nosso Frei teve que ser fuzilado, sendo uma morte mais honrada.
Da aventura e desventura da Confederação do Equador resultaram executados oito condenados em Pernambuco e três no Rio de Janeiro, Frei Caneca foi o primeiro deles e por isso merece, com muita justiça, o título póstumo de Mártir da Constituição.
Na sua dissertação sobre o que se deve entender por Pátria do Cidadão (1822) Frei Caneca já projetava na posteridade o reconhecimento de sua obra, ao afirmar que “se para minha desgraça me atacasse à mania de querer obter um juízo do respeitável público, não o procuraria dos que vivem atualmente comigo, sim da justiceira posteridade”.
Entretanto, até mesmo os extratos mais baixos da população (carrascos, escravos, prisioneiros) gozava de grandes prestígios. De modo que o juízo favorável sobre Frei Caneca não necessitou da intervenção de Kronos.
Hoje, devemos honrar a memória desse que é o maior herói da História Pernambucana e proclamar a necessidade de que seu exemplo seja divulgado para as novas gerações de Pernambuco e de todos os brasileiros.
Para isso urge que se crie uma Fundação Memorial Frei Caneca, onde seriam concentrados os estudos e as pesquisas e toda a produção intelectual que possamos resgatar e realizar em torno da imortal figura desse nosso sublime Ir.’. Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, que desde o Oriente Eterno, assiste e partilha conosco desse ato público no qual celebramos sua imorredoura história.
Que o Grande Arquiteto do Universo mantenha bem viva a memória de nosso amado Ir.’. Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, poeta e profeta, paladino da liberdade e mártir da Confederação do Equador. Ele tinha plena consciência do que o esperava tanto as escreveu os pungentes versos com as quais encerro este trabalho:
“Quem passa a vida que passo
Não deve a morte temer
Com a morte não se assusta
Quem está sempre a morrer.”

Ir.’. Joséas Fonseca • M.’.I.’. • Gr.’.33
Loja Deoclécio Ramos • N0 2.444 • Or.’.Jerônimo Monteiro • GOB • ES
www.revistauniversomaconico.com.br

domingo, 28 de julho de 2013

QUE MISTÉRIOS TEM A MAÇONARIA?

O título deste artigo encerra em si uma dualidade proposital. Por um lado, pode ser tomado como irônico, pois faz uma alusão à forma sensacionalista como a maçonaria repetidamente é tratada por grande parte dos meios de comunicação de massa – como ‘misteriosa’, cheia de segredos e símbolos estranhos. Entretanto, a maçonaria de fato encerra em sua filosofia antigos mistérios, revelados apenas aos seus membros.
Por incrível que pareça, em pleno ano de 2010 muita gente ainda não faz idéia do que é a maçonaria, a despeito das toneladas de informação sobre essa instituição que circulam nas livrarias e, em maior volume ainda, na internet. Muitos acham que ela é uma sociedade secreta, embora funcione em prédios nas principais avenidas das cidades e tenha personalidade jurídica constituída normalmente, como qualquer outra organização. Outros acreditam em toda aquela bobagem de satanismo, gerada por uma combinação perigosa de falta de informação e intolerância. A maçonaria segue então com seu estereótipo misterioso para a maioria da população, atmosfera reforçada notadamente pelo caráter privativo de suas reuniões, que acontecem literalmente a portas fechadas.
Mas que mistérios serão esses que a maçonaria supostamente esconde das massas? Para entendermos melhor, faz-se mister uma compreensão mais profunda da palavra ‘mistérios’. O dicionário Michaelis lista vários significados para este vocábulo. A maioria é relacionada com ’segredo’ ou ‘algo de difícil compreensão’. Outras conotações surgem dentro do escopo religioso, especialmente o cristão. Mas a mera significação não é suficiente para entender a magnitude do conceito maçônico deste termo. Para isto, vamos pedir ajuda à filosofia, em particular, à filosofia do mundo antigo, que é a origem de muitos dos conceitos usados e estudados na maçonaria até hoje.
No antigo Egito e Grécia, sábios criavam centros de instrução onde candidatos que quisessem participar deveriam provar seu merecimento antes de serem admitidos. Este processo para o acesso chamava-se iniciação, e os centros chamavam-se escolas de mistérios. O faraó Akhenaton, que iniciou seu reinado no Egito por volta do ano 1.364 a.C., e Pitágoras, filósofo e matemático grego nascido em 570 a.C., foram exemplos de pensadores que fundaram tais escolas. Os ensinamentos eram repassados em um ambiente privativo, longe dos olhos e ouvidos das massas, e versavam sobre ciências (matemática, astronomia, etc), artes, música e ainda religião e espiritualidade. O próprio Cristo mantinha um círculo interno de discípulos – os doze apóstolos – a quem ensinava sua doutrina com maior profundidade. Quando falava para as massas, Jesus usava uma linguagem mais simples, em forma de parábolas, para facilitar o entendimento. Disse Ele: “Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas” (Mateus 7:6), em uma clara referência de que nem tudo é para todos.
Hoje em dia, muitos dos conhecimentos destes antigos grupos continuam sendo ensinados, mas os locais não são mais ocultos. A antiga sabedoria dos iniciados deu origem a muitas das disciplinas comumente ministradas nos colégios e universidades. Graças às escolas de mistérios, a ciência se desenvolveu, mesmo nos períodos mais negros da história, e chegou em um nível de complexidade que, certamente, para os antigos seria visto como, no mínimo, surpreendente – talvez até inimaginável.
Portanto, concluímos que os mistérios mencionados no simbolismo maçônico são um corpo de ensinamentos, repassados aos seus membros de forma tradicionalmente inspirada nos antigos métodos das escolas de mistérios. É certo que há uma corrente dentro da maçonaria que defende que essas escolas eram, na verdade, a própria maçonaria em sua forma primitiva; entretanto, estas suposições carecem de comprovações históricas e a maioria dos autores modernos tende a concordar que a maçonaria, na verdade, herdou o método antigo, tornando-se depositária de sua sabedoria.
Mas se a explicação da origem desses mistérios é simples assim, por que a maçonaria não permite então que qualquer pessoa adentre seus templos e compartilhe desse conhecimento? Qual o sentido das portas fechadas, dos rituais e dos símbolos desenhados nas fachadas de seus prédios e vestes de seus membros? A resposta é, novamente, a tradição. Os maçons formam um grupo muito antigo, cuja origem histórica deu-se em uma época tumultuada e confusa da humanidade – a idade média. Nessa época, as monarquias, geralmente aliadas ao clero, não estavam dispostas a dividir seu poder de influência com mais ninguém. Assim, a perseguição a grupos considerados subversivos tornou-se uma obsessão, resultando no assassinato de centenas de milhares de pessoas. A chamada ‘caça às bruxas’ era um mecanismo de controle pelo medo, e a religião, através da manipulação dos conceitos das Sagradas Escrituras, exercia um domínio da sociedade extremamente eficaz. Some-se isso ao fato da maioria do povo não saber ler nem escrever, e pronto: estava formado o panorama perfeito para a instalação de uma tirania. Os maçons e outros grupos de pensadores, como os rosacruzes, tiveram que ocultar seus conhecimentos e manter suas opiniões em segredo – nessa época, as ordens iniciáticas eram mesmo sociedades secretas, cuja sobrevivência dependia do grau de invisibilidade que eram capazes de manter na sociedade dominada pelo poder virtualmente ilimitado dos déspotas políticos e religiosos.
Hoje a maçonaria não tem mais a necessidade de ocultar suas atividades. Aliás, na grande maioria dos países que substituíram os regimes absolutistas pela democracia, os maçons estavam entre as fileiras dos responsáveis por tais mudanças. Acontece que, sendo a ordem maçônica uma instituição que preza muito por sua própria história, mantém ainda sua tradição herdada das escolas de mistérios, onde o candidato a tornar-se maçom e ser recebido em uma loja deve provar ser merecedor de tal aceitação. Mas iniciação hoje adquiriu um caráter simbólico e já não repete os penosos sacrifícios da antiguidade. Para se ter uma idéia, na já mencionada Escola Pitagórica, o recém-admitido não poderia proferir uma só palavra por cinco anos. Cinco anos no mais absoluto silêncio! Práticas como essa ficaram para trás, e a ordem nunca esteve tão aberta como atualmente. Praticamente toda loja maçônica conta com uma página na internet, onde divulga textos e fotos de suas atividades. Muitos maçons fazem questão de salientar sua condição, ostentando anéis, pingentes ou broches com emblemas. E aquele que demonstrar interesse em entrar, tem toda a liberdade de conversar com um maçom conhecido e declarar seu propósito de fazer parte da ordem. É válido ressaltar que, apesar de práticas mais radicais terem sido deixadas de lado, o processo de admissão ainda é bastante rigoroso, pelo simples fato de que, para a maçonaria, o importante não é a quantidade de membros e sim a qualidade destes. Depois de uma conversa explicativa inicial, sindicâncias e entrevistas são conduzidas por maçons experientes, no intuito de avaliar o grau de interesse verdadeiro, bem como as qualidades de um ‘homem livre e de bons costumes’, além da crença em um Ser Supremo – prerrogativa obrigatória para a concretização da afiliação.
Tendo desenvolvido uma filosofia e método próprios de instrução ao longo dos anos, a maçonaria tem mantido seu caráter simbólico e iniciático através dos séculos. A beleza de ensinar e aprender através de alegorias é algo que, atualmente, só pode ser vivenciado no interior de uma loja maçônica. A história da ordem e sua sabedoria está encerrada em seus rituais e suas lendas, que são passadas de maçom para maçom, da maneira antiga – por via oral. No interior de templos ornados com símbolos arcanos, homens que se tratam uns aos outros como irmãos buscam lapidar seus espíritos. Os pedreiros de hoje erguem edifícios simbólicos, cujos tijolos são as virtudes humanas, solidificadas em nossas atitudes diárias com a argamassa do estudo diligente e da perseverança no trabalho.
Muita coisa já foi desvelada, em livros e revistas abertos ao público, até mesmo propositalmente, para permitir que o preconceito dê lugar à compreensão nas mentes das pessoas. Mesmo o interior dos templos pode ser visitado com certa frequencia por não-membros nas sessões públicas. Mas ainda há verdades ocultas para serem vislumbradas. Porém, ao contrário do que o senso comum imagina, elas não estão escondidas por códigos, escritas em livros ou desenhadas em símbolos; a descoberta do verdadeiro segredo da maçonaria acontece mesmo é no silêncio do coração de cada maçom, de acordo com sua própria evolução mental e espiritual, com desdobramentos que influenciam sua vida e as vidas das pessoas que o cercam – e isso é, verdadeiramente, o grande mistério da ordem.
Autor: Ir∴ Eduardo Neves • M∴ M∴

sábado, 27 de julho de 2013

OS SEGREDOS DO TEMPLO DE SALOMÃO

A Maçonaria é uma instituição de mais de 300 anos cuja tradição filosófica se assenta sobre 3000 anos de história. Partindo dessa premissa podemos dividir sua origem em duas versões: a origem lendária (que iremos abordar neste artigo) e a origem histórica. Entendemos como origem histórica o período de 1717, amparado por farta documentação, acerca da fundação da Grande Loja de Londres. É nesse ponto que podemos afirmar categoricamente que a Maçonaria passa a existir como instituição. No entanto, essa irmandade, fruto da Idade Moderna, baseia-se em conceitos, tradições e rituais que antecedem sua existência.
Poderíamos retroceder até 3000 anos de história para recompor essa tradição. Boa parte dela é de natureza essencialmente religiosa. É com base no cristianismo que diversas lendas ou alegorias maçônicas são tecidas. Dentre estas talvez a mais importante seja a história da construção do templo que abrigou a Arca da Aliança cujos principais personagens foram: o construtor Hiram Abiff e o próprio rei Salomão.
O Templo de Salomão em particular ocupa uma posição de destaque dentro da simbologia maçônica, tratando–se de uma das maiores fontes de símbolos, alegorias, lendas e ensinamentos da Maçonaria. Por se tratar de uma construção com mais de 3000 anos de idade, é natural que diversas dúvidas surjam no decorrer da busca das origens maçônicas. Podemos nos perguntar: o Templo de Salomão realmente existiu? Se existiu, quais eram suas dimensões? Hiram Abiff foi um personagem real?
Antes de tudo, é preciso lembrar que não há qualquer registro extrabíblico a respeito da construção do Templo de Salomão. Dessa forma, contamos apenas com a Bíblia como documento. Partimos então de uma nova pergunta: “a Bíblia pode ser interpretada como fonte histórica?”
Para responder a essa pergunta, precisamos voltar a dezembro de 1892 quando George Smith apresentou uma notável descoberta à sociedade de arqueologia bíblica de Londres. Ele entregou a tradução de uma tábua mesopotâmica contendo o relato de um dilúvio. Talvez, o mesmo dilúvio que levou Noé a construir sua arca. Esse fato criou uma febre entre arqueólogos e historiadores que passaram a pesquisar a arqueologia bíblica como uma ciência.
A Bíblia, em particular o antigo testamento, formam um conjunto de histórias contadas através da tradição oral. “Enquanto todas essas histórias circulavam, surgiam os primeiros sistemas de escrita do mundo. Por volta de 3.200 a.C. o povo da mesopotâmia desenvolveu a escrita cuneiforme, na qual símbolos eram prensados em placas de argila ou em entalhos na pedra”.BEITZEL, Barry J. Bíblica – o Atlas da Bíblia, p. 16.
Concomitantemente, o Egito desenvolveu o sistema de hieróglifos. Essas duas nações desempenharam papéis fundamentais na história bíblica e forneceram importantes ícones para a tradição maçônica.
Na época de Davi e Salomão, o sistema de escrita encontrava-se mais desenvolvido. Por volta de 1011 a.C. o jovem rei Davi iniciou um período de expansão literária. Atribui-se a ele muitos dos salmos da Bíblia. Durante seu reinado foram designados escribas para redigir e manter crônicas de seu reinado. Quando Salomão assumiu o trono, além de iniciar a construção do Templo encomendou diversos Salmos para serem celebrados ali.
Apesar das minuciosas descrições registradas na Bíblia, ainda não foi possível, contudo, ter certeza quanto ao primeiro templo de Jerusalém. A arqueologia bíblica ainda não apresentou nenhuma prova válida da existência de tal obra. Explica-se a ausência de vestígios arqueológicos à completa destruição que teria sido realizada por Nabucodonosor, ou à insuficiência de escavações no próprio sítio atribuído à localização do Templo. Esse lugar (sagrado para Judeus, Muçulmanos, Católicos e Protestantes) seria atualmente ocupado pela Mesquita de Omar, ou o Domo da Rocha, onde Abraão, obediente a Deus, quase sacrificou seu próprio filho, Isaac (Gen. 22.1-19) – onde, de modo significativo, a tradição islâmica localiza Maomé subindo ao Céu. por causa desses fatos torna-se quase impossível empreender uma busca arqueológica dos resquícios do templo de Salomão.
Alguns historiadores referem-se ao célebre “muro das lamentações” como tendo sido parte da grande alvenaria de arrimo na esplanada do Templo. Contudo as determinações científicas de datação conferem ao muro idade próxima à década anterior ao nascimento de Cristo. Dessa forma, essa obra seria mais adequada de ser atribuída ao terceiro templo destruído pelos romanos.
Por outro lado, não existem dúvidas quanto à existência do reinado de Salomão. Esse sábio rei foi um exímio administrador. Um de seus primeiros atos como rei foi dividir o reino em distritos administrativos enviando provisões e recursos para a corte. Através desse sistema Salomão pode empreender grandes obras arquitetônicas, entre as quais supostamente estaria incluído o Grande Templo.
Várias melhorias feitas por Salomão foram confirmadas por arqueólogos: “o israelense Yigael Yadin descreveu os imponentes muros e portões construídos durante o período salomônico, incluindo um portão com seis câmaras e um muro com casamatas.” BEITZEL, Barry J. Bíblica – o Atlas da Bíblia, p. 242.
Podemos ainda citar “Gezer localizada aos pés das colinas centrais, perto de Selefá, que ligava a via Maris (rodovia costeira internacional) a Jerusalém e foi parcialmente destruída pelo Faraó egípcio em torno de 950 a.C., foi dada a Salomão como dote por seu casamento com a filha do Faraó”. BEITZEL, Barry J. Bíblica – o Atlas da Bíblia, p. 243.
Além disso, a cidade de Jerusalém, escolhida como capital por Davi, cresceu em tamanho e importância política durante o reinado de Salomão. A eira da Araúna (também identificada como Monte Moriá), comprada por Davi e usada como local sagrado para oferecer sacrifícios tornou-se o local para a construção do Grande Templo.
O “livro de Reis” que integra a Bíblia e narra a trajetória do Rei Salomão e a construção do grande Templo encontra na arqueologia confirmação histórica. Diversos locais, nomes e acontecimentos são cientificamente comprovados. Dessa forma, podemos sim afirmar que o Templo de Salomão realmente existiu. Nada contraria o fato de que toda sua forma gloriosa tenha sim sido arquitetada pelo mestre de obras Hirão-Abi (2 Cr 2.13,14).
“Solomon Before the Ark of the Covenant” Blaise-Nicolas-Le-Sueur – 1747. Musée des Beaux-Arts.
A tradição bíblica ainda orienta importantes aspectos dos templos modernos. Devemos lembrar que segundo o livro de Reis as janelas do Templo de Salomão deviam estar acima do telhado das câmaras, eram de grades, não podendo ser abertas (1 Rs 6.4). Os objetos mais proeminentes no vestíbulo eram dois grandes pilares, Jaquim e Boaz, que Hirão formou por ordem de Salomão (1 Rs 7.15 a 22). Jaquim (‘ele sustenta’) e Boaz (‘nele há força’), apontavam para Deus, em Quem se devia firmar, como sendo a Força e o Apoio por excelência, não só o Santuário, mas também todos aqueles que ali realmente entravam.

Essa simbologia bíblica alimenta defesas como do pesquisador maçônico Manly Hall. Para ele, a construção do Templo de Salomão não tem uma importância direta para a Maçonaria. Segundo ele, sua essência: “não é histórica nem arqueológica, mas uma linguagem simbólica divina perpetuando sob certos símbolos concretos, os sagrados mistérios dos antigos.
Apenas aqueles que veem nela um estudo cósmico, um trabalho de vida, uma inspiração divina de pensar melhor, sentir melhor e viver melhor com a intenção espiritual de iluminação como fim, e com a vida diária do verdadeiro maçom como meio, conseguiram um vislumbre dos verdadeiros mistérios dos ritos ancestrais”. HALL, Manly P. As chaves perdidas da Maçonaria, p. 36.
É certo que, seja ela histórica ou filosófica, a origem lendária atribui à Maçonaria uma consistência incomparável frente as demais instituições modernas.
 Ir.’. Igor Guedes de Carvalho
Bacharel em História pela Universidade Federal de Ouro Preto e Companheiro Maçom da Loja Vigilantes da Colina Nº 68, jurisdicionada à Grande Loja de Minas Gerais.
Bíblia Sagrada (tradução dos originais hebraico e grego feita pelos monges de Maredsous). São Paulo: Editora Ave Maria, 2001.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

A LOJA DOS ESPÍRITOS

O silêncio sepulcral na sala dos passos perdidos intriga o Mestre de Cerimônias:
- Já é meio dia em ponto. É hora de iniciarmos nossos trabalhos. Onde estarão os irmãos? Talvez seja meia noite, vou bater maçonicamente à porta do templo…
Ao levantar a espada para dar as pancadas na porta, de súbito começam a cair os quadros da galeria de ex-veneráveis, o chão treme, os lustres balançam, as luzes piscam e a porta do templo se abre num rangido.
Assustado, o Mestre de Cerimônias olha o interior do templo e, incrédulo, vê o pavimento mosaico com uma enorme rachadura. Através dela brota um homem magro, bigode retorcido, nariz adunco, olhar brilhante, face pálida e lábios arroxeados: sintomas típicos da anóxia crônica provocada pela tísica que lhe consumia os pulmões. O Mestre de Cerimônias reconhece o grande poeta, mas antes que pudesse pedir-lhe um autógrafo para seus filhos, é interrompido por ele. O baiano Castro Alves, poeta dos escravos, o mais entusiasta dos abolicionistas, estudante da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, amante apaixonado da atriz Eugênia Câmara, coloca-se à ordem (apesar das dificuldades pela falta de seu pé direito amputado) e brada:
- GADU! ó GADU! onde estás que não respondes?
Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes?
Embuçado nos céus?

Mas não consegue concluir a declamação do seu tão famoso poema “Vozes D´África” porque surge das entranhas do templo D. Pedro I, interrompendo o poeta aos gritos:
- Se a Maçonaria quer que eu fique, diga a todos que FICO.. Fico e grito: “Independência ou morte!!”. E agora que sou defensor perpétuo e Imperador do Brasil, quero ser eleito Grão Mestre da Ordem e compor o hino da Maçonaria. Onde o estão o Ledo e o Bonifácio?
- O Irmão Gonçalves Ledo está na Primeira Vigilância e o Irmão José Bonifácio, no Oriente, na cadeira do Venerável ; diz o Mestre de Cerimônias.
- Chame os irmãos! Revista-os com suas insígnias, pois vou iniciar os trabalhos. E seja rápido, senão eu fecho essa bodega e a transformo num palácio para minha marquesa; ordena o Imperador, dirigindo-se ao trono de Salomão enquanto os irmãos Ledo e Bonifácio se agridem em defesa, respectivamente, da República e da Monarquia.
Já assustado, e temente que o Grão Mestre-Venerável- Imperador-Compositor cumpra a promessa, o Mestre de Cerimônias olha através da rachadura no pavimento mosaico e grita aos irmãos. Logo sobe, cambaleante, o Irmão Jânio Quadros. Cabelos em desalinho, óculos de tartaruga em assimetria, coloca-se à ordem com os pés trocados e pergunta:
- Quando começa o Copo D’água?
- Calma, Jânio… Por que você bebe tanto?
- Bebo porque é líquido. Se fosse sólido, comê-lo-ia.
- Você precisa renunciar a este vício, Irmão Jânio…. E, por falar em renunciar, por que você renunciou?
- Fi–lo porque qui-lo e também por conta das forças ocultas.
!!!!!! Malheta o Imperador.
- Componha rápido esta Loja, Irmão Mestre de Cerimônias. Chame o Rui para a oratória.
- Já estou aqui, Venerável Mestre. Acabei de chegar da Holanda. O irmão Paranhos Jr., “Barão do Rio Branco”, enviou-me para representar o Brasil na Conferência de Haia. Fiz sucesso. Estão até me chamando de “O Águia de Haia”. Mas não é a nossa “Águia bicéfala”, é “Águia macrocéfala”.
- E viva a República!!
- Viva a Monarquia!!
- Cale a boca, Bonifácio, senão eu lhe deporto!; ameaça D. Pedro.
- Isto aqui está muito bagunçado. Coloquem uma música na harmonia!
- Estamos aguardando o irmão Carlos Gomes. Ele está tocando “O Guarani” no Repórter Esso, Venerável Mestre.
- Venham todos assinar o livro de presença, grita o irmão Dib, batendo com a palma da mão no trono da chancelaria . Freqüência, presença e comparecimento: estes são os deveres do maçom. E tem mais, irmão Guatimosin, este templo tem o meu nome e não vou permitir que seja transformado num palácio para Dona Domitila. Eu e mais dezesseis irmãos (dezesseis ou dezessete, já nem tenho mais certeza porque fizeram uma confusão danada com essa história) fundamos a Loja, construímos o templo e não vamos permitir que ele seja profanado.
- Se for pra competir, eu também quero dizer que tenho um Kadosch que é só meu, diz o Irmão Ledo.
- !!!!! Silêncio!! Silêncio!! Suspendam os sinais maçônicos! Temos um goteira entre nós! Irmão Guarda Interno, quem é esse cabeludo com uma corda no pescoço?
- É o Tiradentes, o Mártir da Independência, Venerável Mestre
- Tiradentes uma ova! Agora sou um dos 200 mil dentistas deste país, com diploma na parede e anel no dedo.
- Irmão Mestre de Cerimônias: coloque o Tiradentes, ou melhor, nosso mártir dentista, entre colunas para o telhamento.
-ois maçom?
- Iniciei-me por correspondência, Venerável Mestre.
- Ah, eu pensei que o Irmão fosse membro da nossa primeira Loja brasileira, a “Areópago de Itambé”, do Irmão Arruda Câmara. E o Irmão sabe a palavra senha?
- Sei, sim, Venerável Mestre: “Tal dia é o batizado”.
- Tá bom. Então, pode assumir um lugar entre nós. Afinal, você merece pois foi o único enforcado dos 11.
- E viva a República!!
- Cale a boca, Ledo!
- Não sou o Ledo, Venerável Mestre. Sou o gaúcho Bento Gonçalves, e estou dando vivas à “República do Piratini”.
- E o Ledo, por que está tão calado?
- Estou confuso, Venerável Mestre. Não sei se hoje é 20 de Agosto ou 09 de Setembro, se estamos na Era Vulgar ou no Ano da Verdadeira Luz, e preciso fazer meu discurso na loja Comércio e Artes do Rio de Janeiro.
E, novamente, outro bate boca:
- A República é o melhor para o Brasil!!
- Não é!!! É preciso fazer uma mudança gradual, mas não temos sequer um nome para assumir a presidência.
- Chame o Deodoro para assumir o governo provisório. Irmão Mestre de Cerimônias, grite pelo Deodoro!
Chega o Deodoro, doente, fragilizado, desencantado e diz:

- Tô fora. Já dei a minha contribuição: já assumi, já fechei o Congresso, já renunciei ao governo, ao Grão Mestrado. Quero que me esqueçam. Vocês se resolvam com o Floriano, o “Marechal de Ferro”.
- Calma Deodoro. Quem disse isto foi outro presidente.
Nesse ponto a confusão torna-se muito grande, já virando caso de policia, ou melhor, de exército. Chamam o Caxias.

Montado num enorme cavalo, brandindo sua espada, sai das profundezas o nosso Duque Patrono do Exército brasileiro:
- Sigam-me os que forem brasileiros!
- Para onde, Caxias?
- Para qualquer lugar, desde que estejamos “ombro a ombro” e não “peito a peito”.
- Obrigado por ter vindo, mas tire esse cavalo do templo e resolva essa querela o mais diplomaticamente possível.
- Eu só sei resolver na espada. Diplomacia é la com o Barão, o do Rio Branco.
- Irmão Guarda Interno, controle a entrada dos irmãos. Quem é esse aprendiz no topo da coluna do Norte?
- É o Euclides da Cunha, Venerável Mestre.
- O jornalista do Estadão? O autor de “Os Sertões”? Aquele que disse que “o sertanejo é um forte”?
- Não, Venerável Mestre. Este não é aquele que disse. Esse é o próprio sertanejo forte do sertão baiano.
- Tá bom.. Então deixa ele aí, quietinho, na coluna do Norte. Meus irmãos: estando a Loja dos Espíritos composta, vamos iniciar nossos trabalhos.
Irmão Guarda Interno: verifique se estamos a coberto.

O Irmão Guarda Interno sai do templo e, após alguns minutos de longa espera, retorna e diz:
- Venerável Mestre: é com profunda tristeza que vos informo o que vi.
- E o que vistes, Irmão Guarda Interno?
- Venerável Mestre, na Sala dos Passos Perdidos amontoam-se milhares de irmãos deitados na cama da fama. Dormem um sono profundo. Alguns até roncam; outros sonham com a Maçonaria do passado. No salão de festas, outro tanto se repasta com gordurosos bolinhos, pastéis e canapés. Bebem refrigerantes, cerveja e até aguardente. Algumas conversas, felizmente a minoria, vão do mesquinho ao ridículo. Pequenos grupos fazem pequenos negócios. Alguns, mais preocupados com os grandes problemas da Ordem e da sociedade, parecem sonhar acordados quando falam de seus utópicos projetos, e outros, talvez por não entenderem a real dimensão dos problemas, tentam resolvê-los com pequenas soluções, fazendo jantares beneficentes, bazares e vendendo até rifas.
- Não é possível!!!!! Não acredito no que ouço! Abandonaram a liberdade de pensar! Não se fomentam mais as grandes idéias! Perderam os nossos ideais! Interromperam as nossas conquistas e agora interrompem o nosso merecido descanso. Por que nos incomodam???? !!!! De pé e à ordem. Irmão Mestre de Cerimônias: abra as portas do templo. Meus irmãos: enchamos de ar os nossos pulmões e gritemos em uníssono:
- ACORDEM, MEUS IRMÃOS!!!!!!!!!!
 Ir.’. Everaldo Porto Cunha – M.’. I.’.
ARLS Fraternidade de São Bernardo do Campo

quarta-feira, 24 de julho de 2013

SESSÃO CONJUNTA


Cumprindo mais uma etapa de um objetivo ainda maior que é a integração entre as Lojas Maçônicas, em especial aquelas jurisdicionadas à GLERN, a Loja São José nº14 formou uma comitiva para se deslocar até o Oriente de Natal onde, juntamente com a Loja Estrela dos Magos, realizou uma Sessão Conjunta na noite desta terça-feira(23).
Além dos Obreiros das duas Oficinas, visitantes de outras Lojas, inclusive de outras Obediências, abrilhantaram a Sessão.
O destaque ficou para o Ir.'.Wecsley de Barros Dantas que aproveitou a presença dos IIr.'. para apresentar suas propostas de gestão como Grão-Mestre, cargo para o qual é pré-candidato, e foi bastante elogiado, tanto pela coerência, objetividade e clareza das propostas, quanto pelo seu reconhecido currículo maçônico.