segunda-feira, 6 de maio de 2013

PRINCÍPIO FILOSÓFICO NA MAÇONARIA


A Instituição Maçônica desde sua fase de nascimento passou a cultivar a Filosofia, pois sem essa medida não poderia mesmo, com o passar dos tempos, progredir, especialmente no início do Século XVIII quando se instalou o Departamento Especulativo, época da Franco-Maçonaria.
Naquela fase, todos os ramos do conhecimento humano tiveram grande expansão e a Filosofia dos clássicos gregos (Sócrates, Platão e Aristóteles) serviu de modelo principal para o rumo intelectual não só da Fraternidade, mas consolidar todo acervo cultural que já vinha se desenvolvendo desde a Antiguidade.
Sócrates marcou sua doutrina com o “Conhece-te a ti mesmo” para que gere sua felicidade com correção de suas falhas e harmonia na comunidade. Com esse autoconhecimento o Ser Humano refletirá e será capaz de chegar ao ideal divino. Platão com o estudo das Ideias servindo para construção de uma sociedade justa e pacífica e Aristóteles com a criação da Lógica, cujos fundamentos ainda hoje são incontroversos.
Mas outros Sistemas Filosóficos também foram recepcionados pela Fraternidade Maçônica.
O ceticismo que elege a dúvida como resultado na investigação da verdade; o cinismo, criado por Antístenes, apregoando que os valores da vida deveriam amoldar-se à natureza e não somente as regras da sociedade; o estoicismo, proclamava uma blindagem no homem para torná-lo forte a suportar e revolver as dificuldades vividas com firmeza e pureza de caráter; o epicurismo, buscando o prazer pelo exercício da virtude e a escolástica, pensamento cristão medieval que enaltecia a Razão em consonância com a Fé.
Na Era Moderna, adotou-se também o racionalismo que realça o pensamento na razão e a lógica aristotélica como instrumentos para cognição e descoberta da verdade. Só com esses elementos a inteligência humana é capaz de produzir um resultado correto da realidade.
O empirismo doutrinando que todo conhecimento emana da experiência que se adquire com a vivência ao longo do tempo, surgindo daí o subjetivismo; o Iluminismo do século XVIII caracterizado pela concentração científica e da racionalidade com rejeição dos modelos políticos e religiosos daquela época; o liberalismo, preconizando a defesa da liberdade individual sobre questões econômicas, políticas, religiosas e intelectuais da intromissão indevida do poder público; o positivismo de Augusto Comte (século XIX) que entende a predominância das ciências experimentais na investigação da verdade, como modelo, afastados conceitos ou versões metafísicas e teológicas dos temas estudados; Bentham e Stuart Mill (século XIX) desenvolveram a teoria do utilitarismo, segundo a qual, as boas ações e regras de conduta conduziam a um prazer de utilidade para o seu próprio autor e, por via de regra, para toda comunidade e o pragmatismo, doutrinado por Charles Sanders Peirce (1839-1914), que somente a aplicação de conceitos e princípios na vida real levaria ao êxito do empreendimento, pois seria a prova concreta dessas ideias de conceitos e princípios postas em prática.
Outros ramos da filosofia são também aceitos, em maior ou menor extensão, dependendo da matéria em debate e a preferência do obreiro.
Entretanto, o maior destaque estudado na Ordem é a Filosofia Hermética (O Caibalion) atribuída a Hermes Trimegistro, o “Três Vezes Grande”.
Segundo essa teoria, “o Hermetismo acabou derivando da alquimia, que buscava transmutar chumbo em ouro. No entanto, o sentido do hermetismo é mais profundo. Trata–se de transformar tudo o que é grosseiro em algo sutil. Assim, seu significado maior é transformar não os metais, mas os homens… O primeiro princípio hermético descrito em ‘O Cabalion’ é o do mentalismo: ‘tudo é mente’. De acordo com esse princípio, todo o mundo fenomenal é simplesmente uma criação mental do Todo” – (por Cláudio Blanc – Revista Vida & Religião – Ano 1 – Número 1 – Ed. On Line – p. 29/31).
Ainda seguindo a explanação desse especialista Cláudio Blanc, a Filosofia Hermética reuniu sete fundamentos ou princípios sendo o primeiro o já enunciado “Mentalismo” e o segundo o da Correspondência, consistente na linguagem de alquimia – “o que está em cima é como o que está em baixo, e o que está em baixo é como o que está em cima.”, significando que tudo se origina da mesma fonte que em última análise, no meu entender, é a própria Natureza, podendo ser interpretado como o G.’. A.’. D.’. U.’.
O terceiro fundamento da Filosofia Hermética é o da Movimentação exprimindo a ideia que tudo está em movimento ou vibração; nada se encontra inerte ou parado. Tudo que imaginamos abrangendo o corpo físico e o espírito é o resultado de vibrações ou movimentos diferenciados; o quarto princípio refere-se à duplicidade das coisas com polos distintos e opostos. Os opostos se diferenciam apenas em escalas ou graus e os extremos se tocam. Esse quarto princípio tomou o nome de Polaridade. O quinto fundamento é o do Ritmo: tudo o que sobe, desce; tudo o que entra sai; o ritmo é o elemento de compensação para justificar essas movimentações.
A Causa e Efeito marcam o sexto princípio hermético. Nada acontece por acaso e no mundo espiritual existe a máxima de que “colhe-se o que se planta”. Se a plantação é de Bondade, a colheita é, obviamente, de Bondade. Se o plantio é de Maldade, colher-se-á Maldade.
Finalmente, o sétimo fundamento refere-se ao Gênero. “Ele atesta que o gênero não é característica apenas do plano físico, mas se manifesta também nos planos mental e espiritual. “Todas as coisas machos têm também o elemento feminino; todas as coisas fêmeas têm o elemento masculino”, afirma O CABALION. “Somados aprofundados os princípios herméticos permitiram ao estudante de ocultismo transmutar a mente: a razão da nossa evolução”. (autor e obra já citadas).
Autor: Ir.’. José Geraldo de Lucena Soares
ARLS Fraternidade Judiciária N0 3614 • GOSP/GOB

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