Por Adriano Machado
A questão da responsabilidade maçônica não pode ser tratada de modo simplista e sem base no fundamento filosófico. A Maçonaria sempre foi o fórum ideal para se discutir a problemática da sociedade em que vivemos, como bem atestam as contribuições da Ordem à história universal. Temos consciência que a Ética é você ser responsável por você, por seu próximo e por onde você vive. Nós, os Maçons, temos condições de gerar atitudes e condições de responsabilidade social, acrescentando que a nossa ação é reflexo da nossa responsabilidade; a nossa responsabilidade é reflexo da nossa consciência, por isso é que os Maçons devem gerar ações que integrem a maior lisura, uma lisura que ninguém mais tem no mesmo nível.
É de fundamental importância que os Maçons assumam sua condição de Maçons, pois nossa responsabilidade social é baseada na ética e na consciência pessoal. Para um Maçom exercer bem sua função social, exige-se que ele tenha vocação pelo ato de ensinar e que seja bem preparado para o seu desempenho maçônico. Portanto, é necessário não se perder de vista a necessidade de preparo humanístico, aliado ao domínio da técnica, para se formar Maçons comprometidos com a sociedade. Somente os estudos podem oferecer a instrução tão necessária para o progresso, dentro e fora da Maçonaria. A verdade incontestável é que a sociedade está doente, e tal doença afeta todas as instituições. A Maçonaria não está imune. Os noticiários de televisão mostram, cotidianamente, a morte estúpida de jovens por outros jovens dentro das escolas, por traficantes, e até mesmo por parentes dentro de suas próprias casas.
A frequência com que isto está ocorrendo demonstra que a juventude do mundo está em crise, e a crise da juventude faz parte da doença da sociedade em que vivemos. Nossa Ordem não pode sujeitar-se aos parâmetros que lhe estão sendo impostos pela sociedade civil. Nossas Lojas precisam unir-se pela ideologia, independente de Potência, e lutar pela modificação estrutural de nossa organização social. Precisamos repensar as formas de representação política e, sob a égide de um plano de metas elaborada por TODA a Maçonaria, começarmos a lutar pelo futuro da humanidade. Dentro deste contexto a EDUCAÇÃO torna-se prioridade máxima, aliada ao conceito de RESPONSABILIDADE. Somente se elevarmos os padrões morais e culturais do povo, através da educação, é que conseguiremos equilibrar os DIREITOS e DEVERES de cada um, dando ensejo ao surgimento do respeito ao próximo.
É preciso mais do que simplesmente a boa vontade para que se produza um Maçom, homem equilibrado, capaz de levar “luz” por onde for, pensando, falando e agindo de acordo com as regras mais aceitáveis, seja na família, seja em qualquer dos outros possíveis grupos sociais nos quais esteja inserido. Talvez esta afirmação possa nos ajudar a entender a tão lida e falada resposta quando nos é perguntado: “... para que nos reunimos neste Augusto Templo? A resposta já tão conhecida nos vem automaticamente: “...para combater o despotismo, as tiranias, os preconceitos, as injustiças, a ignorância e os erros; para promover o triunfo da Verdade, da Liberdade e da Justiça; para pugnar pela evolução do Homem, o bem estar da Pátria e da Humanidade, levantando Templos à Virtude e cavando masmorras ao vício.”
Alguns de nossos Irmãos mais jovens, pouco tempo depois da Iniciação ou ao longo do caminho que lhes conduz à condição de Mestre, encontram-se tão amargurados que é difícil não perceber alguma falta de estímulo neles, que, não raro, abandonam os trabalhos maçônicos ou os mantêm de maneira pouco aceitável. Por nos tornarmos Mestres Maçons, não poderemos de maneira alguma ignorar as nossas imperfeições humanas. Haveremos sim de detectá-las e combatê-las. Na sua inteligente obra “Fedro”, o pensador Platão assevera: “O homem pode converter-se no mais divino dos animais, sempre que se o eduque corretamente; converte-se na criatura mais selvagem de todas as criaturas que habitam a terra, em caso de ser mal-educado.”
Comumente ouve-se por aí a seguinte afirmação: “A Maçonaria não é um reformatório.” Não concordamos, de maneira alguma, com essa insensata fala, vez que somos todos sabedores que a Maçonaria é uma Escola, e o papel fundamental da escola é justamente o de reformar, reorganizar, corrigir, dar melhor forma, consertar, restaurar. Isso é educar. Podemos entender, a partir da ideia platônica exposta anteriormente, com a ajuda das acepções do dicionário, que o Maçom pode se tornar mais coerente, em relação à Maçonaria, caso haja, sobre ele, a ação de educadores. Quais seriam, na Maçonaria, os educadores? Resposta instantânea: Nossos Mestres. Não dar a devida atenção à educação dos Maçons é ameaçar o futuro da Ordem. A Maçonaria é apenas um sublime processo, para o qual a matéria prima, que é o homem, seja conduzida pela mão amiga de um Mestre, que o orienta sem comprometer seu desenvolvimento, até que ele possa “andar com as próprias pernas”, servindo para aquilo que se propôs na noite de sua Iniciação, a saber: a “construção social”.
A Maçonaria é responsabilidade dos Mestres! Paremos agora para pensar, e reflitamos a nível profundo: Se a Maçonaria não vai bem (na prática), nós devemos reavaliar os nossos métodos de operacionalizá-la, pois realizar pouco ou mal, aquilo que tem grande potencial (que somos todos nós), é algo como manter um gênio criativo amarrado, amordaçado e vendado. A propósito, como vão as bibliotecas de nossas Lojas? Que tal um “banho” de livraria, como primeiro passo? Depois, podem surgir grupos de estudo e pesquisa. São muitas ideias... Busquemos algo mais que apenas os Rituais jogados no nosso peito. Lembremo-nos que o que parece difícil, para o dito profano, é tarefa normal para o Maçom. Precisamos de compromisso com o aprendizado. Precisamos formar Maçons mais completos, pois os desafios do presente não são como os desafios do passado. Cada Mestre que promova a “arte” como puder, mas que não a deixe de lado, enquanto o mundo dito profano invade nossas Lojas com seus vícios, quando, na verdade, iluminados pela luz da Razão, deveríamos invadir o mundo profano, com nossas virtudes desenvolvidas (melhor realizadas), para ajudar na sua evolução. Promover boa educação maçônica, é a primeira responsabilidade e fiel compromisso dos Mestres, é, acima de tudo, colaborar para a preservação da Ordem, pela sua continuidade, sem a inserção de elementos estranhos aos seus ensinamentos universalmente aceitos. Existem Irmãos Maçons derrotados porque “correm atrás de coisas vãs”. Acorde! Coloque o seu pé no chão. Lavre a terra, sue a camisa. Não fique na arquibancada da vida torcendo para que tudo aconteça. Entre e participe.
O Grande Arquiteto do Universo vai abençoar o que você acha que merece e pelo qual está disposto a lutar. Acreditar em Deus não significa ficar de braços cruzados, esperando que o sucesso caia do céu. O verdadeiro sucesso não é um grande acontecimento, nem uma única e grande vitória. O sucesso que o Supremo Criador oferece é composto de pequenas vitórias diárias. Correr atrás de fantasias, esperar um “golpe de sorte”, ou uma “herança” é falta de senso, loucura, ingenuidade. São as pessoas que agem assim, que formam a longa fila dos derrotados. Sistematicamente ouvimos dos Irmãos: “Onde haveremos de buscar inspiração e sabedoria para o trabalho maçônico?” Respondemos sempre que num livro inspirado por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra. Esse livro está depositado e aberto lá no altar: O Livro Sagrado.
Concluindo:
Nas Lojas Maçônicas, a discussão filosófica e os conteúdos críticos da sociedade são relativamente pequenos em função da ritualista das sessões cotidianas, e também os assuntos administrativos das mesmas. Repetindo a indagação: “que o Maçom está fazendo hoje em termos de responsabilidade social?”. Deixo no ar para que cada Irmão, com base nas suas ações particulares, proceda à necessária resposta.
Bibliografia:
ALMEIDA, Nilton Figueiredo; Célia Caccavo F. de Almeida, José Carlos
Pinheiro Alves; O Último Minuto – Especulação Filosófica” – Racionalismo
Cristão – 1992;
BIBLIA SAGRADA, Tradução João Ferreira de Almeida;
BUENO, Silveira, Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, Fename/MEC – 11ª Edição; Brasília-DF; 1983;
BULLÓN, Alejandro, Janelas para a Vida, Casa Publicadora Brasileira – Tatuí-SP – 1ª edição – 2007;
CHYNOY, Ely. Sociedade – Umas Introduções a Sociologia, São Paulo: Cultrix, 1984; e
KARDEC, Allan, O Evangelho segundo o Espiritismo – Editora IDE – 324 edição – Arares-SP.
Fonte: martinlutherking63.mvu.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário