domingo, 19 de outubro de 2014

A INICIAÇÃO MAÇÔNICA

Em Maçonaria a Iniciação é a chave, o ponto de partida, precedida, tão somente, pelos atos preparatórios…
Uma Iniciação sempre traduz uma expectativa porque é um princípio, e todo começo importa em fato novo.
O vocábulo Iniciação não se apresenta isolado; deva-se entender a palavra sob o aspecto filosófico, portanto ela é compreendida como sendo entrar em iniciação, ou seja, ingressar num início.
Uma iniciação não é um ato comum e tampouco exclusivo da Maçonaria ou de outra Instituição paralela. A criança é iniciada na escola quando ingressa no complexo (para ela) mundo das letras e dos números, da escrita e da oralidade. A puberdade envolve uma iniciação ao sexo.
A evolução normal dos povos civilizados apresenta uma tendência para a simplificação.
A iniciação maçônica de hoje difere muito da dos tempos iniciais, como acontece com os processos iniciáticos religiosos. O homem atual desenvolveu o poder da síntese, deixando de lado as evoluções desnecessárias. Questiona-se muito a respeito da validade ou não deste comportamento que, atingindo a Igreja, lhe causou certos transtornos.
O fator que mantém as tradições e que apresenta a iniciação maçônica como tradição do que era em séculos passados, é o símbolo. A supressão de certos atos, com a justificativa de modernizá-los, de simplificá-los, de adaptá-los às circunstâncias da atualidade. Na Maçonaria atual, modernizada, não abre mão de certos atos simbólicos porque eles representam de modo compreensível todo um conjunto de mistérios.
A revelação não supre o valor do símbolo. O mistério permanece e cada vez mais ele pode ser fortalecido e também ampliado, renovado e recriado. A mística é a grande atração para os maçons. Eles aceitam e mantêm a tradição.
Paralelamente à iniciação, o iniciado deixa ou adquire hábitos, jura, promete novas atitudes, novos comportamentos, nova filosofia de vida. Podemos exemplificar com a iniciação do sacerdote da Igreja que faz voto de celibato. Os Templários faziam voto de pobreza.
Se fôssemos verificar a respeito das variações iniciáticas entre os povos, religiões, raças e posições geográficas, nos perderíamos em um emaranhado de conceitos, válidos todos eles quando questionados e quando recebida a justificativa.
A criação do homem, embora lendária, foi uma iniciação. Juntado o pó com a água, feito o barro, concluída a modelagem, veio o sopro divino e, ainda que surgindo adulto, o primeiro homem símbolo teve um longo aprendizado. A sua posição era cômoda porque nada tinha para deixar atrás ou de lado. Tudo era princípio. Houve, sim, um voto. Apenas um: o de não comer dos frutos da Árvore do Conhecimento.
Não temos qualquer preocupação em duvidar desse princípio da criação. Mesmo que tenha sido uma tradição simbólica, início da saga hebraica, ele representa um ponto de partida. Se, antes, já existia o ser humano – os denominados “filhos da terra” – desses não temos a história. Iremos nos defrontar com teorias, as mais credenciadas, mas não poderemos sobre essas teorias construir nossa filosofia.
A Maçonaria acredita num princípio e obedece aos Landmarks, que são os princípios básicos de sua doutrina. A importância de estabelecer critérios analíticos em torno desse princípio não é vital. O posicionamento maçônico atual é o de crer e aceitar a existência de um Deus a quem denomina de Grande Arquiteto do Universo e da existência de uma vida após a morte.
Portanto, iniciação implica em aceitarmos um novo princípio, com todas as injunções que o compõem, inclusive com abrir mão de tudo o que era antes da iniciação.
Esta seção, separando o passado do presente, não é possível ocorrer no plano físico.                                                   O iniciado, ao deixar o Templo, ao retornar ao “mundo”, esquece a sua nova condição e readquire o comportamento que tinha isto paulatinamente, porque a “natureza não dá saltos”. O mundo então o recebe como ser mais aperfeiçoado. Toda iniciação se desenvolve no plano mental, espiritual e místico.
Muitos tendem a dar à Maçonaria um aspecto religioso e assim, dentro das Lojas, formam-se correntes as mais diversas. O religioso, de forma geral, tende a adaptar a Maçonaria aos seus princípios; assim, sob o ponto de vista espírita, o maçom espírita praticante construirá em sua iniciação um panorama que não conflite com sua crença. Porém, sem afirmar que a Maçonaria é agnóstica, a religião, embora extremamente necessária, não está incluída na filosofia maçônica.
Crer em Deus e numa vida futura não implica em qualquer princípio religioso. A religião fundamenta-se sempre, na fé. A Maçonaria prescinde desta fé. O maçom religioso será, sempre, um maçom compreensivo. O religioso crê no dualismo: Deus e Diabo. A Maçonaria aceita a Deus como um Princípio, sem a preocupação de perquirir sobre a origem deste Princípio, O homem, é criatura; o Criador é Deus. O homem é eterno; a Eternidade é Deus.
Temos, portanto, na iniciação um aspecto curioso: trata-se de uma Iniciação Maçônica e não de uma iniciação religiosa. Uma iniciação escolhida, aceita, experimental, e não uma iniciação imposta. A religião pode ser seleção, mas genericamente é imposta.
Nossos pais, por exemplo, nos impõem um nome que devemos suportar até a morte. Paralelamente, nossos pais nos dirigem para uma religião: a religião deles. Na maturidade, o homem pode escolher o seu próprio destino religioso, porém, a influência do lar será à base de tudo.
A Maçonaria aproxima o seu adepto a Deus. Ela o apresenta como uma obra perfeitamente construída, adornada e acabada por um Grande Arquiteto. O mistério se denomina, também, Deus. Para a Maçonaria o Diabo nada é; ela aceita o dualismo como equilíbrio de forças. O Diabo será apenas oposição, descrença, desamor. O homem passa constantemente por iniciações. Nem sempre, são iniciações conscientes.
A Iniciação Maçônica, como vimos, é formada por um conjunto de fatores. Inicialmente individual, para posteriormente integrar-se a um grupo.
As iniciações inconscientes resultam de uma evolução espiritual; o que se processa no homem, dentro de seu universo, ainda não está muito bem definido, mas existe. E a materialização do “conhece-te a ti mesmo”, da revelação do grande mistério da Criação. Homem, quem és?
A Maçonaria dá muitas respostas, mas se torna necessário que o candidato passe, efetivamente, por uma Iniciação. A Maçonaria precisa com muita urgência, para sobreviver, de iniciados, e não de elementos que passam por uma iniciação sem que a morte se efetive. Para uma comparação, com a finalidade de que haja compreensão maior, foi necessário para Jesus que morresse para cumprir a sua missão de redimir o homem. Sem uma morte, não haverá iniciação.
… Portanto, em resumo, a Iniciação nada mais é do que a aceitação da morte. Assim, esta morte perde o seu aspecto trágico.
Quando o homem se convencer de que a Iniciação para uma nova aventura. Todos aqueles que tiverem um amigo maçom e que forem propostos como candidatos ao ingresso na Maçonaria, terão uma oportunidade única e exclusiva. Sempre, contudo, que o candidato busque entender a Iniciação.
Em outros países – Estados Unidos, Argentina, Chile, Uruguai, etc. – as Lojas distribuem aos candidatos um manual que serve de orientação, inclusive dos familiares. Nós, brasileiros ainda temos tabus quanto ao ingresso na Ordem. O candidato, já adentrando a Câmara das Reflexões, ainda ignora o que seja a iniciação. Esta falha é imperdoável.
Cabe ao apresentador, ao padrinho esclarecer seu afilhado acerca do que seja a iniciação maçônica. Obviamente se esse mestre souber realmente da importância deste conhecimento.
O homem em núpcias prepara-se para a iniciação do casamento, tendo já passado por um período de noivado. O casamento indubitavelmente é uma das fases mais importantes tanto para o homem quanto para a mulher. Trata-se de uma iniciação séria que cada vez menos é assim considerada, pois assistimos a desfazimentos de casamento por motivos os mais fúteis possíveis.
O importante da iniciação do casamento é que se apresenta contínua. Cada dia que passa surgem problemas que devem ser solucionados, e isto perdura até o fim; não o fim de um casamento mas o da vida.
Passado o período de “mel”, surgem os filhos e a grande problemática do amadurecimento, o encaminhamento dos filhos para a vida, as questões que, eles geram as preocupações. Depois, vêm os netos, as enfermidades, a velhice. Muitas vezes o casamento se interrompe com a morte da companheira, afastamento permanente que causa traumas.
Mesmo havendo separação, prematura ou não, as funções geradas pelo casamento não cessam; em caso de separação judicial, subsiste a manutenção do outro cônjuge, dos filhos menores e desamparados: uma continuidade trágica, perturbadora, que traz, sempre, infelicidade.
Assim é o maçom. A sua iniciação não apresenta um ponto estanque; é contínua e permanente, porque a cada dia que passa novas experiências surgem. Até o fim, o fim da vida, o maçom prossegue nos atos misteriosos e místicos da iniciação. O maçom é para sempre, in eterno. O maçom depois de iniciado sempre será maçom.
Temos a iniciação profissional. No início entusiasta, depois rotineira. Conforme a profissão, ela se apresenta insossa, repetitiva, um castigo, tudo sempre igual: um patrão, uma tarefa, sempre em busca da aposentadoria. Há profissões, porém, que exigem progresso, atividade constante, e que dão grande satisfação; como acontece nas pesquisas científicas.
A Maçonaria também possui essa parte: a grande busca, a experiência, o próximo como elemento de trabalho operativo. Essas iniciações são simultâneas: religiosas, espiritualistas, científicas, operacionais, místicas, enfim, um corolário de princípios que não cessa prossegue até o fim da vida, desta vida.
Não podemos fixar uma norma a respeito da iniciação; a Maçonaria dispõe de tradição para realizar iniciações formalmente iguais, revestidas de simbolismo escolar. No entanto, nem a Maçonaria, nem as religiões, nem a própria vida, iniciam alguém.
A iniciação é mística individual, pois ela se realiza dentro do indivíduo. Obedece-se a ritos rígidos, esses são externos, daí que a cerimônia iniciática se reveste de características fixas, enquanto a cerimônia mística envolve a personalidade do iniciando e difere de indivíduo para indivíduo. Com isto, surge a incógnita da possibilidade ou não de encararmos uma iniciação rotulada de atualizada ou moderna.
A iniciação, seja qual for, será sempre paralela ao desenvolvimento espiritual do indivíduo. Uma obra clássica não significa antiga, de séculos passados. O clássico pode ser moderno e atual; o que classifica é o lugar que encontra na sociedade. Assim, podemos fixar uma iniciação clássica como a aceita por uma maioria. Sempre, porém, ela será atual no conceito do iniciando e não no conceito do iniciador.
A instrução era feita, a cinqüenta anos atrás, de conformidade com os métodos tradicionais; primeiramente, a alfabetização, para depois, ano após ano, num trabalho de paciência beneditina, incutir na mente do aluno o conhecimento previamente programado, numa escala crescente para desenvolver o raciocínio até atingir a universidade, onde a personalidade do mestre passava a plasmar a cultura.
Hoje, a televisão se encarrega de tudo. Amanha, quem sabe, a telepatia dará a orientação precisa e correta. Portanto, quando se cogita de entender o que seja uma iniciação, deve-se atentar a todas as suas nuances e facetas, para, depois, colher os resultados. E por este motivo que sempre alertamos: o iniciado não é o que passa por uma iniciação, mas o que inicia.
O segredo, o grande segredo maçônico é o comportamento do iniciando na Câmara das Reflexões, tão conhecida pelos maçons e de certo modo um assunto esotérico, ainda particular, de vendado de forma muito discreta numa linguagem apropriada compreensão dos maçons, daqueles verdadeiramente iniciados.
O candidato, concluída a sindicância e aprovado pelo plenário, sem voto divergente, é chamado. Esta chamada contém muito misticismo. Dissera Jesus ao discípulo: “vem e segue-me”. O candidato, nesta altura já avisado de que a sua entrada para a Maçonaria foi aceita, responde a chamada. É muito importante ser chamado.
Na competição atual, o homem busca alcançar um espaço; ele desbrava caminhos, luta e nem sempre vence. Porém, na Maçonaria, quando menos espera, recebe o chamado, transmitido pelo seu apresentador, seu padrinho. Esse chamado deve ser atendido? O que passa pela mente do candidato?
O atender o chamado significa um ato de obediência. A obediência de modo geral, significa submissão, ou seja, uma concordância tácita de que tem disposição para ingressar em uma Instituição que desconhece. O enigma deve ser decifrado e o homem, por ser desafiante, ousado, impetuoso, passa a enfrentar o desconhecido. Ignora o nome dos participantes da Instituição onde anuiu ingressar, ignora a filosofia do grupo, os conceitos, a parte esotérica. Porém, aceita e acompanha o padrinho até o Templo.
Atender ao chamamento é o resultado do trabalho de preparação que aludimos acima. Toda Loja, toda jurisdição maçônica trabalhou com muito interesse para atrair o novo irmão que irá beneficiar com a sua personalidade e presença a fraternidade universal.
É o retorno, o eco das vibrações enviadas através da mente, da voz, das práticas, do misticismo, do mistério. Se o chamamento for bem equacionado, se as vibrações emanadas tiverem sido bem distribuídas, indubitavelmente atingiram em cheio o candidato e ele não poderá, de modo algum, negar o chamamento.
Não será ele quem decide. A congregação é que decidiu recebê-lo. E a fatalidade da preparação a que ninguém escapa a atração irresistível em busca, inconsciente, da perfeição. Assim, o candidato se entrega totalmente à iniciação. Aqui cessa a participação individual para dar lugar à participação do grupo.

Fonte: www.obreirosdeiraja.com.br

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