sexta-feira, 19 de abril de 2013

O MAIS PROFUNDO SILÊNCIO


Silêncio do latim “silentiu” significa interrupção de ruído ou estado de quem cala.
Desde as primeiras civilizações, principalmente as que tinham sociedades iniciáticas, o silêncio é um importante elemento cultural, imposto drasticamente para salvaguardar seus segredos.
Podemos verificar como exemplo:
no antigo Egito existia o deus do silêncio, chamado Harpócrates.

Entre os magos e sacerdotes egípcios, os iniciados mantinham silêncio total, a fim de se manterem os segredos e iniciá-los à meditação.
Buda, em 500 anos a.C., valorizava o silêncio como condição para a contemplação.
Os Essênios tinham como principais símbolos um triângulo contendo uma orelha e outro contendo um olho, significando que tudo viam e ouviam, mas não podiam falar, por não terem boca.
Eurípides, no verso 470 de sua obra Os Bacantes dizia que verdadeiros são os mistérios submetidos à Lei do Segredo.
Pitágoras, quando criou a Escola Itálica, seus discípulos se distinguiam em 3 graus, o de Preparação, o de Purificação e o de Perfeição. O primeiro grau era o “acústico”, assim chamado porque era destinado aos aprendizes que eram somente ouvintes e cumpriam um período de observação de três anos, durante os quais a regra era calar e pensar no que ouviam.
Para os Trabalhadores de Pedras, o segredo e o silêncio sobre sua arte eram uma questão de sobrevivência, constituindo-se, inclusive, num salvo conduto.
Como a Lei do Silêncio é a origem de todas as verdadeiras Iniciações é que podemos, por analogia, explicar o porquê do silêncio e do segredo impostos ao maçom. O segredo maçônico é, de fato, de ordem simbólica e iniciática.
Quando da iniciação do profano é dito pelo V.’. M.’. que a Maçonaria como toda associação tem Princípios e Leis Particulares e que todo associado, deveres a cumprir, além de enormes sacrifícios.

Após o Irmão Orador diz:

“O primeiro dever é o mais absoluto silêncio acerca de tudo quanto ouvirdes e descobrirdes entre nós, bem como de tudo quanto, para com o futuro, chegardes a ouvir, ver e saber.” Aqui o Ir.’. Orador ensina ao profano uma Lição de discrição.

No juramento sobre a Taça Sagrada:

“Juro guardar o mais profundo silêncio sobre todas as provas a que for exposta minha coragem.”
Quando da entrada no Templo, o silêncio consiste no despimento de toda carga que é trazida do mundo profano, ou seja, dos assuntos que colidem com o Trabalho Maçônico.
Na abertura dos Trabalhos em Loja o Irmão 2º Diácono responde ao V.’. M.’. que deve velar para que os IIr.’. se conservem nas suas Colunas com o devido respeito, disciplina e ordem, ou seja, no mais profundo silêncio.
O silêncio em Loja só é obtido quando cessam as alterações das lutas emocionais e mentais dos membros do quadro. É quando todas as partes do organismo se subordinam à direção silenciosa do dono da consciência, ou seja, do Ego.
Calar não consiste em nada dizer, mas sim quando o coração está quieto, a inspiração aparece e a visão se aclara, pois o silêncio sempre é mais eloquente que a linguagem. Os que mais falam menos fazem, pois, é uma coisa comum conhecida por todo o observador da natureza humana, que os silêncios dos homens, com frequência, expressam muito mais que as palavras.

Quando do encerramento dos trabalhos o V.’.M.’. diz:

Meus Irmãos, os trabalhos estão encerrados e a Loja fechada. Antes de nos retirarmos, juremos o mais profundo silêncio sobre tudo quanto aqui se passou”.
Aqui é jurado segredo sobre o que se realizou dentro da Loja. Esse segredo representa o silêncio que antecede toda a nova atividade, e é comparada a toda a escuridão protetora, que favorece a germinação da semente nos seus primeiros estados até ter sido aberto o caminho para a Luz, pois a Voz dos sábios e dos complacentes não são ouvidas mais se não por aqueles que sabem se subtrair ao tumulto das palavras e das querelas humanas, para se colocarem no centro e esperar que soe a música do silêncio e aprender a sabedoria, a força e a beleza que fluem desse centro.
Encerrando deixo duas citações que encontrei sobre o silêncio:
Do Ir.’.Germam Mejia Martinez- “El silencio para un Mason”:
“Bazan era um príncipe. Saiu um dia pela floresta de seu palácio. A noite o surpreendeu em plena busca de presas voláteis. Sentou-se sob uma árvore para descansar, quando ouviu sair da folhagem um cantar de ave.
Levantou-se o príncipe e disparou uma flecha, matando-a. Diante da presa caída aos seus pés, meditou e logo disse para si mesmo: “Oh! Como é bom calar e cuidar da língua! Se esta ave não tivesse falado, não teria morrido”. Meus Irmãos, quando falardes, não abusai da palavra. Um silêncio mantido no seu devido tempo tem a eloquência do melhor dos discursos.
Do Ir.’.José Ramon Barragan Lopez, Orador da Loja Verdadeiro Cambio 1985 nº 99, Madeo, Tamaulipas, México:
“Dirijamos agora a nossa atenção para o aspecto interno da manutenção do silêncio maçônico. Muitas e valiosíssimas são as lições do silêncio, assim como de sua beleza e mistério. Do silêncio saímos e a ele deveremos voltar quando chegar a hora. Quando estamos em silêncio podemos nos afundar no significado dos mistérios da vida. No silêncio solitário dos nossos corações é onde descobrimos as grandes experiências da vida e o amor.”
Enviado pelo Ir.’.Fernando Pozza
ARLS Estrela Farroupilha Nº 204 • GLMERGS

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